domingo, 18 de setembro de 2016


NUM ERMO E IMENSO TERRITÓRIO A POUCO MAIS DE MEIA LÉGUA DO MAR ATLÂNTICO É CONSTRUÍDO UM CONVENTO PARA ONDE VÊM MEDITAR RELIGIOSOS EREMITAS

Convento da Cella-Nova ou Convento de Nª Sª da Rosa - 1

Muito para lá da rocha que bordeja a linha dourada do Grande Areal em mais de 15 quilómetros, para o lado do Nascente, fica um imenso território ermo, sem sinal de vivência humana. Frondosos pinhais, matas inóspitas e zonas pantanosas onde os tufos de juncos proliferam constituem a cobertura vegetal, pouco acessível ao ser humano.

Num vale talhado entre dois montes que a vista não alcança mais além corre na invernia um fio de água até ao mar Atlântico onde vai desaguar. Quando a maré está de enchente e o mar mais agitado o sentido das águas inverte-se formando um esteiro que entra terra dentro cerca de dois a três quilómetros.

É nessas terras que se designam em tempos idos por Robalo, ainda hoje mantém essa designação uma povoação situada a poente, que os religiosos de São Paulo, na busca constante de sítios ermos e inacessíveis, elegem local para edificação de um modesto convento, embora de arquitectura bem elaborada, destinado a albergar cerca de três dezenas de religiosos eremitas que aí praticariam o sacrifício e a meditação como forma de purificação do seu sentir.

Este sítio terá sido doado em 1410 por D. João I a Mendo Gomes de Seabra, guerreiro que para salvação da sua alma em eremita se tornou, para que nele fundasse um convento que albergaria eremitas religiosos de São Paulo. Dá-lhe o nome de Convento da Cella-Nova e além dos cómodos para residirem os religiosos, consta ainda de excelentes oficinas.

É a referência conventual mais antiga de Almada e seu Termo.

Nele chegaram a habitar vinte e quatro religiosos, a esmolarem nos casais das redondezas e recebedores de rendas, tanto em dinheiro, como em trigo, azeite e vinho de que era farta a região.

Construído sobre um importante lençol freático, é abundante a água que brota livremente de diversas minas ou fontes e a que são atribuídas qualidades milagrosas com a virtude de curar a lepra e doenças de pele, assim como males de fígado e de estômago.

2 comentários:

  1. Leitor primeiro do livro "Histórias da História..." espero por mais histórias. Saúde!

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  2. Gosto destas histórias, da história.Obrigado pela partilha destes importantes trechos da vida.

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