terça-feira, 20 de setembro de 2016


NUM ERMO E IMENSO TERRITÓRIO A POUCO MAIS DE MEIA LÉGUA DO MAR ATLÂNTICO É CONSTRUÍDO UM CONVENTO PARA ONDE VÊM MEDITAR RELIGIOSOS EREMITAS

Convento da Cella-Nova ou Convento de N.ª S.ª da Rosa - 3

Mina ou "Fonte" de N.ª S.ª da Rosa ou Fonte de Sta. Luzia
Não nos surpreende que tanta devoção, acrescida ao misticismo do local onde o Convento de Nossa Senhora da Rosa foi construído, tenha criado um ambiente lendário que a tradição oral e alguns escritos trouxeram até nós.
Muitos foram os religiosos de elevada virtude que viveram neste convento, de entre os quais sobressai, pela inocência pura e assombrosa caridade, Frei Domingos da Caridade, que foi buscar o seu sobrenome à aldeia onde nasceu, na planura alentejana, perto da vila de Monsaraz.
Testemunham os pobres da Caparica, do tempo em que aqui viveu como porteiro do convento, a sua afabilidade e profunda humildade.
Levou uma vida de abstinência no comer e raro beber, em permanente jejum e rigoroso nas mortificações do corpo para glorificação da alma. Alimentou-se, de ordinário, das ervas que colhia nos campos.
Já muito doente, mas rico de virtudes e de merecimentos, foi internado no hospital que a Ordem tinha em Lisboa, onde foi confortado com os divinos Sacramentos e assistido pelos seus irmãos religiosos.
No momento da sua passagem terá citado com fervor o Salmo de David: “Laetatus sum in His, quae dicta sunt mihi, in domum Domini ibimus” - "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor" e com estas palavras se finou.
O corpo foi trazido numa embarcação que atravessou o rio Tejo para o Porto Brandão, onde religiosos do Convento de Nossa Senhora da Rosa o aguardavam, acompanhados de muitos populares com círios acesos.
Apesar da noite se apresentar tempestuosa, todas as luzes chegaram acesas ao Convento, sem se apagarem até que lhe foi dada sepultura. O acontecimento deixou toda a gente assombrada, louvando a Deus, por tamanho milagre.
O Terramoto de 1755 fustigou seriamente o Convento de Nossa Senhora da Rosa, destruindo-o quase na sua totalidade. Do mesmo modo e tal como aconteceu com as diversas Ordens Religiosas, o governo de Marquês de Pombal proibiu a actividade dos Eremitas de S. Paulo e expropriou o seu património, tendo o Convento ficado entregue ao abandono.
Em 1972, o Conde dos Arcos dava conta só existirem como restos materiais do Convento de N.ª S.ª da Rosa um arco transepto da porta da Igreja Conventual, então embutido na parede de uma casa, algumas cantarias dispersas, pedras sepulcrais, as armas dos Abranches e dos Ataídes esculpidas num brasão e diversas fontes em ruína que foram pertença do remoto eremitério.
Actualmente no local, ainda conhecido por Vale da Rosa, não restam vestígios do Convento de Nossa Senhora da Rosa, estando ainda visíveis mas muito degradadas duas fontes, a Mina ou Fonte de Nossa Senhora da Rosa ou de Santa Luzia e a Mina ou Fonte do Convento Paulista.

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