NUM ERMO E
IMENSO TERRITÓRIO A POUCO MAIS DE MEIA LÉGUA DO MAR ATLÂNTICO É CONSTRUÍDO UM
CONVENTO PARA ONDE VÊM MEDITAR RELIGIOSOS EREMITAS
Convento da
Cella-Nova ou Convento de N.ª S.ª da Rosa - 3
Mina ou "Fonte" de N.ª S.ª da Rosa ou Fonte de Sta. Luzia
Não nos surpreende que tanta
devoção, acrescida ao misticismo do local onde o Convento de Nossa Senhora da
Rosa foi construído, tenha criado um ambiente lendário que a tradição oral e
alguns escritos trouxeram até nós.
Muitos foram os religiosos de
elevada virtude que viveram neste convento, de entre os quais sobressai, pela
inocência pura e assombrosa caridade, Frei Domingos da Caridade, que foi buscar
o seu sobrenome à aldeia onde nasceu, na planura alentejana, perto da vila de
Monsaraz.
Testemunham os pobres da
Caparica, do tempo em que aqui viveu como porteiro do convento, a sua
afabilidade e profunda humildade.
Levou uma vida de abstinência no
comer e raro beber, em permanente jejum e rigoroso nas mortificações do corpo
para glorificação da alma. Alimentou-se, de ordinário, das ervas que colhia nos
campos.
Já muito doente, mas rico de
virtudes e de merecimentos, foi internado no hospital que a Ordem tinha em
Lisboa, onde foi confortado com os divinos Sacramentos e assistido pelos seus
irmãos religiosos.
No momento da sua passagem terá
citado com fervor o Salmo de David: “Laetatus
sum in His, quae dicta sunt mihi, in domum Domini ibimus” - "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor" e com estas
palavras se finou.
O corpo foi trazido numa
embarcação que atravessou o rio Tejo para o Porto Brandão, onde religiosos do
Convento de Nossa Senhora da Rosa o aguardavam, acompanhados de muitos populares
com círios acesos.
Apesar da noite se apresentar
tempestuosa, todas as luzes chegaram acesas ao Convento, sem se apagarem até
que lhe foi dada sepultura. O acontecimento deixou toda a gente assombrada,
louvando a Deus, por tamanho milagre.
O Terramoto de 1755 fustigou
seriamente o Convento de Nossa Senhora da Rosa, destruindo-o quase na sua
totalidade. Do mesmo modo e tal como aconteceu com as diversas Ordens
Religiosas, o governo de Marquês de Pombal proibiu a actividade dos Eremitas de
S. Paulo e expropriou o seu património, tendo o Convento ficado entregue ao
abandono.
Em 1972, o Conde dos Arcos dava
conta só existirem como restos materiais do Convento de N.ª S.ª da Rosa um arco
transepto da porta da Igreja Conventual, então embutido na parede de uma casa,
algumas cantarias dispersas, pedras sepulcrais, as armas dos Abranches e dos
Ataídes esculpidas num brasão e diversas fontes em ruína que foram pertença do
remoto eremitério.
Actualmente no local, ainda
conhecido por Vale da Rosa, não restam vestígios do Convento de Nossa Senhora
da Rosa, estando ainda visíveis mas muito degradadas duas fontes, a Mina ou
Fonte de Nossa Senhora da Rosa ou de Santa Luzia e a Mina ou Fonte do Convento
Paulista.
Sem comentários:
Enviar um comentário