terça-feira, 15 de novembro de 2016


DOIRADAS SÃO AS AREIAS DO GRANDE AREAL, MAS AS PEPITAS DE OURO FULGEM AINDA MAIS E ATRAEM OS SERES HUMANOS DESDE TEMPOS IMEMORIAIS
1821 Carte chorographique des environs de Lisbonne dressée sous la direction
 de Charles Picquet par Guérin de Lamotte Richard  Wahl sculpist

[continuação]
 
BIBLIOGRAFIA RELEVANTE PARA O TEMA

1497 – (2 de Maio) Carta de Confirmação, in Chancelaria de D. Manuel
Livro 29, fls 69

1526 – (17 de Abril) Carta de Doação, in Chancelaria de D. João III
Livro 46, fls. 160

1814 – (21 de Novembro) Decreto sobre a mina de ouro da Adiça
Conde de Linhares mç 34/34
Código PT/TT/CLNH/G/4/42

1815 – (10 de Maio) MEMÓRIA Sobre a nova Mina de ouro da outra banda do Tejo
ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de
Lida na Academia Real em 10 de Maio de 1815
Histórias e Memórias da Academia Real das Sciencias de Lisboa
Tomo V, Parte I, fls. 140 a 152. Lisboa 1817

1839 - O Panorama, Jornal Litterario e Instructivo
Volume Terceiro, Págs., 104 e 151
Sociedade Propagadora, Lisboa, 1839

1912/1913 – Rapport gèologique et ecomomique sur les sables aurifères marins d’Adiça et sur d’autres depôs aurifère de la côte occidentale de la Penínsule de Setùbal (1892)
CHOFFAT, Paul
Comunicações da Comissão de Serviço Geológico de Portugal, 9
Lisboa 5-26

1937 - Boletim Cultural e Estatístico nº3 – 1937, Págs. 334 e 335
VILHENA, João Jardim de

1938 – (29 de Maio) "'A Montanha, Sociedade Luso-Holandesa, Ld.ª' (...) acaba de registar na Câmara Municipal de Cezimbra 6 minas de ouro e outros preciosos metais, existentes no local denominado Adiça, da freguesia do Castelo, deste concelho."
"O Cezimbrense", n.º 618, 29.5.1938

1961 – (23 de Junho) Da Velha Adiça à Nova Fonte da Telha
AGUILAR, Amado
Ed. Câmara Municipal de Almada

1962 - Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram
VITERBO, J. de Santa Rosa de
Porto, 1962, 3ª edição
Ver s. Adiceiro I, pp 217-221

1970 – A verdade sobre os limites dos concelhos de Sesimbra, Almada e Seixal
MONTEIRO, Rafael
União Gráfica – Lisboa
Sesimbra, 1970

1988 - As Minas de Ouro da Adiça e a exploração
DUARTE, Manuel Marques
SALPA – Associação para a Salvaguarda do Património Cultural e Natural da Região de Setúbal
Setúbal, 1988
Biblioteca Central – Palácio Galveias, Cota 029233

1993 – Almada Mineira
CUSTÓDIO, Jorge
In revista Al-madan, II Série, nº 2, Julho de 1993, pp 89 a 103

1996 – Ouro na Margem Sul do Tejo
LIMA, Manuel
In Seixal Boletim Municipal, nº 203, 3 de Março de 1996, pp. 19 a 23

2010 – As palhetas de ouro de Cristóvão Colombo
FERREIRA, José Maria
http://www.geneall.net

2011 – Viriato – História de uma epopeia lusitana
BRAGA, Teófilo
Apeiron edições, Portimão 2011, 202 páginas

Aspectos do “Trato” da “Adiça” e da “Pescaria” do “Coral” nos finais do século XV
RAU, Virgínia
Págs. 143 a 157

A atividade mineira em Portugal durante a Idade Média
DUARTE, Luís Miguel
Revista da Faculdade de Letras do Porto, Págs. 81 a 91

Património Paleontológico do Concelho de Almada
PAIS, João; LEGOINHA, Paulo; ESTEVENS, Mário
A Terra: Conflitos e Ordem

História da Administração Pública em Portugal nos séculos XII a XV
BARROS, Henrique da Gama
Vol. 6, p. 106-120

sábado, 12 de novembro de 2016


DOIRADAS SÃO AS AREIAS DO GRANDE AREAL, MAS AS PEPITAS DE OURO FULGEM AINDA MAIS E ATRAEM OS SERES HUMANOS DESDE TEMPOS IMEMORIAIS

[continuação]
Ribeira da Foz do Rego
 
CRONOLOGIA[1]

Séc. X – Ahmed Arrazí diz ser Almada “um viveiro de fino ouro”.

Séc. XII – (cerca de 1151-1153) O geógrafo árabe Mohamed Edrisi testemunha a lavra do ouro junto ao forte de Almada.

1143 – Primeira Dinastia – Afonsina, até 1385.

1143 – D. Afonso Henriques “o Conquistador”, até 1185.

1147 – OSBERNO, cruzado ao serviço de D. Afonso Henriques, refere a existência da mina de ouro de Almada [Adiça?].

1185 – D. Sancho I “o Povoador”, até 1211.

1210 – (9 de Dezembro) D. SANCHO I doa a décima parte da produção aurífera da Adiça ao mestre da Ordem de Santiago, ao comendador de Palmela e ao Capítulo.

1211 – D. Afonso II “o Gordo”, até 1223.

1218 – (6 de Fevereiro) D. Afonso II doa a décima parte da produção aurífera da Adiça ao comendador de Alcácer.

1223 – D. Sancho II “o Capelo”, até 1248.

1245 – Carta de quitação da décima do ouro feita pelo comendador D. Paio Pires Correia.

1248 – D. Afonso III “o Bolonhês”, até 1279.

1248 - Actos legislativos do tempo de D. Afonso III que determinam que os “ouriveses” da Adiça respondam só e sem apelação perante o almoxarifado, até 1272.

1272 – Carta de desculpa dos vassalos da Ordem de Santiago que refere o nome de Adiça.

1274 – Na relação dos tributos que se haviam de pagar ao rei e à Ordem de Santiago, pelas mercadorias importadas e exportadas, adverte-se que a Adiça pertencia à Corte.

1279 – D. Dinis I “o Lavrador”, até 1325.

1304 – D. Dinis manda que o alcaide e alvazis do concelho de Almada guardem os foros e costumes da corporação da Adiça, como seus antecessores tinham determinado.

1310 – Novamente os privilégios dos adiceiros foram confirmados pelo Rei, depois de reprimir a alguns dos seus abusos a pedido de D. João Fernandes de Lima, donatário de Almada. Determinou que só seis homens fossem considerados vizinhos de Almada e seu termo e obrigados a pagar o relego e a jugada e a responder perante juízes de Almada.

1316 – O Quinteiro do Rei, Juiz privativo dos ourives da Adiça, da Junqueira e Pessegueiro tirava da exploração um quinto do imposto.

1318 – Mesma actuação do monarca perante privilégios ameaçados da referida corporação, que remontavam a D. Sancho I, a partir de uma carta que os mandava “coutar”, só respondendo ao seu Quinteiro (como se via em carta de D. Afonso II). O transgressor fosse de Lisboa, de Almada ou de Sesimbra incorria nos incoutos e ficava inimigo do Rei.

1325 – D. Afonso IV “o Bravo”, até 1357.

1346 – D. Afonso IV determina que os juízes e homens bons dos concelhos de Lisboa, Almada e Sesimbra, Palmela e Setúbal, mediante pagamento, deem e façam dar aos ourives da Adiça mantimentos de pão, vinho, carne e pescado, como era habitual entre outros exploradores de outros lugares.

1350 – Carta régia de D. Afonso IV que mencionava que os filhos do mestre de tirar ouro no lugar da Adiça, tinha dezoito homens a laborar naquele lugar.

1357 – D. Pedro I “o Justiceiro”, até 1367.

1357 – Confirmação dos privilégios dos da Adiça por D. Pedro I.

1367 – D. Fernando I “o Formoso”, até 1383.

1367 – Confirmação dos privilégios dos da Adiça por D. Fernando I, visto que os juízes de Almada os não respeitavam.

1368 – Confirmação dos privilégios dos da Adiça, determinando-se que os juízes que não cumpriam, deveriam pagar pelos seus bens o prejuízo que ocasionavam aos da Adiça.

1371 – Cortes de Lisboa em que os procuradores de Almada apresentam os agravos recebidos pela jurisdição especial dos exploradores de ouro da Adiça, muito contrária ao concelho.

1374 – Confirmação por parte do Mestre de Avis.

1383 – Interregno, até 1385.

1385 – Segunda Dinastia – Avis, até 1580.

1385 – D. João I “o de Boa Memória”, até 1433.

1390 – Confirmação por parte de D. João I, onde verifica que os adiceiros tinham eleição própria para os cargos de alcaides, porteiros e oficiais e recorriam ao almoxarifado e aos escrivães para a confirmação desses cargos.

1393 – D. João I proíbe que os concelhos de Almada e Sesimbra obriguem os “ourivizeiros” a responder perante os juízes ordinários nos feitos de almotaçarias e de posturas ou ordenações estabelecidas por esses concelhos, bem como critica o impedimento da compra de mantimentos e outras coisas exercidas contra a Adiça. Os ourivezes dispõem de isenção de aposentadoria, de fornecimento de vitualhas, de exercício de ofícios e outros encargos municipais.

1401 – Novamente D. João I manda cumprir os privilégios dos Adiceiros (moradores em Almada e seu termo) acentuando que não deviam servir em mar ou terra sendo isentos de jugada e encargos do concelho, dispondo de juiz privativo.

1406 – D. João I manda estender os privilégios a todos aqueles que se quisessem dedicar ao “officio de tirar o […] ouro na […] adiça”.

1408 – D. João I manda que eles tenham foro privativo aos feitos civis e crimes.

1410 – D. João I manda ainda que não sejam obrigados a ter cavalo e armas, encargos que se lhes tentou impor.

1425 – D. João I exclui-os de contribuir em quaisquer pedidos e empréstimos gerais.

1428 – Confirmação e actualização dos privilégios dos adiceiros.

1433 – D. Duarte I, “o Eloquente”, até 1438.

1434 – D. Duarte procede, por carta de 4 de Novembro, à reforma de toda a administração da Adiça estabelecendo dois grupos de adiceiros, os de maiores privilégios que pagariam duas coroas velhas de ouro e justo peso por ano e os de menores que pagariam uma coroa, definindo as diferentes formas de exploração.

1438 – D. Afonso V, “o Africano”, até 1481.

1439 – Cortes de Lisboa. A vila de Almada apresenta dois capítulos contra os da Adiça.

1440 – O infante D. Pedro manda reprimir os adiceiros e suas mulheres por não responderem aos almotacés do concelho e de venderem o que compram em Lisboa e em Almada sem pagarem a almotaçaria.

1442 – Alvarás do infante D. Pedro, regente, de 12 de Dezembro a favor da infanta D. Isabel, sua cunhada, onde se verifica que o número de adiceiros é fixo, mandando-se que a substituição deles, por morte, renúncia ou outra causa, se faça “por quem não tiver mais bens do que o adiceiro substituído” (Regulamentação do preenchimento de vagas).

1451 – D. Afonso V obriga os adiceiros a pagarem a almotaçaria, confirmando decisão anterior.

1458 – Carta régia de 6 de Dezembro onde é referida a existência de dois extractos de adiceiros. Os 21 do grupo dos adiceiros mores, adiceiros do conto ou do número, pagavam duas coroas de ouro ao Rei.

1463 – Os ofícios da Adiça, até então de eleição na corporação, passam a ser de nomeação do Rei que provia o ofício por falecimento ou outra razão de quem os exercia.

1467 – O rei D. Afonso V concede os rendimentos da Adiça em mercê a Tomás Luís de Chaves, cavaleiro da sua casa, consignado ao pagamento de uma terça anual de 10 mil reais brancos. Esses rendimentos não eram todos os que o fisco recebia, pois não compreendiam os da cata na “malhada”.

1468 – D. Afonso V estabelece um couto de homiziados na Adiça de Almada, para explorarem o ouro na coroada do lugar, com privilégios iguais aos do couto de Arronches.

1469 – D. Afonso V, por carta régia de 6 de Novembro, cede a exploração durante dois anos de parte da Adiça a Lopo de Almeida, conde de Abrantes e a Lourenço, florentim, reservando para si a lavra da Toura. Acompanhou com esta a concessão de muitos privilégios, entre os quais cortar madeira nos pinheiros e matas reais.

1470 – A esta data era somente o florentino Lourenço que detinha o “trato” da Adiça.

1472 – Os adiceiros queixam-se ao rei pela quebra de privilégios de aposentadoria passiva “ainda em relação à comitiva do rei”. Da queixa resultou a convenção em que se determina que se guardem os privilégios. Os infractores incorriam em multas para os cativos e os adiceiros podiam ficar com os seus bens, os quais serviriam para pagar os impostos ao rei.

1473 – Por carta de 10 de Agosto, D. Afonso V dá a quitação a Lourenço, florentim, pelo ouro da Adiça, do qual era devedor em 125 mil reais. O trato ficou, depois disso, nas mãos de João Gonçalves de Alcanhões.

1480 – O mesmo rei, por morte de Tomás Luís de Chaves, fez mercê vitalícia do rendimento das coroas de ouro da Adiça a Lisuarte de Andrade, fidalgo da sua casa e vedor-mor da artilharia.

1481 – D. João II “o Príncipe Perfeito”, até 1495.

1485 – Confirmação do alvará de 1442, por D. João II, a favor de D. Beatriz, sua sogra.

1487 – D. João II confirma a decisão do pagamento da almotaçaria aos adiceiros.

1488 – Lisuarte de Andrade transfere para D. Mécia de Noronha, mulher de D. Martim de Castelo Branco, senhor da Vila Nova de Portimão, conselheiro e vedor da fazenda de D. João II, o tributo que o rei lhe dera mercê.

1488 – D. João II concede privilégio a Álvaro Domingues, tanoeiro, morador em Almada, adiceiro, para não ir trabalhar na Adiça, mas devendo pagar as coroas que era obrigado pela razão do dito ofício.

1495 – D. Manuel I “o Venturoso”, até 1521

1496 – Requerimento de D. Beatriz sobre os adiceiros da Adiça. D. Manuel concede a sua mãe, por doação, todo o rendimento que recebia da mina.

1497 – D. Manuel confirma na cidade de Évora os privilégios dos adiceiros em carta de 2 de Maio, confirmando igualmente uma carta de D. João II em relação a D. Mécia de Noronha.

1498 – Cortes de Lisboa. Capítulos Especiais de D. Manuel pretendem extinguir os adiceiros do lugar (mandamos que daqui em diante os não haja ali mais) e os que ainda lá fiquem não se guardem os seus privilégios e fiquem devassos.

1511 – D. Manuel nomeia João d’Affonseca vedor e ouvidor da Adiça.

1521 – D. João III “o Piedoso”, até 1557

1526 – Carta régia de D. João III com data de 17 de Abril confirmou os anteriores privilégios. Posteriormente, faz doação vitalícia da Adiça a António da Fonseca, por morte de seu pai.

1554 – Damião de Góis refere, nesta data, que se explorava ouro na Adiça.

1581 – Terceira Dinastia – Filipina, até 1640

1640 – Quarta Dinastia – Bragança, até 1910

1777 – D. Maria I “a Piedosa”, até 1816

1813 – No mês de Outubro, por decisão do rei D. João VI, José Bonifácio de Andrada e Silva inicia demorada e cuidada pesquisa de uma nova mina na Adiça – a mina “Príncipe Regente”, sob a responsabilidade da Intendência Geral de Minas. Decorreu até 25 de Maio de 1814.

1815 – Está a ser “lavrada” a mina “Príncipe Regente”, a sul da Adiça.

1828 – D. Miguel I “o Tradicionalista”, até 1834

1832 – É cunhada na Casa da Moeda, uma moeda de D. Miguel, com o ouro lavrado na Adiça.

1834 – Termina a fase de exploração da responsabilidade da Intendência.

1875 – Um casal inglês e um seu criado passam dois anos na Adiça e exploram ouro das rochas e falésias.

1892 – Até 1905, nova tentativa de exploração do ouro da Adiça por parte de Henrique de Lima e Cunha e empresários franceses. Geólogo Paul Choffat. Registos.
[continua]



[1] Com base da CRONOLOGIA elaborada e publicada pela revista Al-Madan, da Associação de Arqueologia de Almada, de Julho de 1993

segunda-feira, 7 de novembro de 2016


DOIRADAS SÃO AS AREIAS DO GRANDE AREAL, MAS AS PEPITAS DE OURO FULGEM AINDA MAIS E ATRAEM OS SERES HUMANOS DESDE TEMPOS IMEMORIAIS

[continuação]
 
 
O Oiro da Adiça, a Lenda da Capa-Rica e os Eremitas de São Paulo

As lendas que são transmitidas por via oral, de pais para filhos, de geração para geração, vão ganhando tonalidades poéticas, são acrescentadas de muita imaginação, mas sempre contém um fundo de verdade que muitas vezes se perde nas brumas do tempo.

Numa recolha de Gentil Marques para a Porto Editora reza assim a “Lenda da Capa Rica”:

“Há muitos, muitos anos, quando a Caparica era apenas um local ermo, com meia dúzia de casas, apareceu uma criança muito bonita, pobremente vestida que ninguém sabia donde vinha.

Um velho da freguesia da Senhora do Monte tomou conta dessa menina que não sabia nada sobre a sua origem, apenas sabia que possuía aquela capa que trazia. O velho reparou que a capa, apesar de muito velha, era uma capa de qualidade, provavelmente pertencente a uma família rica ou mesmo nobre.

Passaram-se muitos anos até que a menina se tornou numa bela jovem. Estando o velho às portas da morte pediu-lhe, como última vontade, que pusesse a sua capa por cima dele para o aquecer naqueles últimos momentos, dizendo à jovem que aquela capa velha era uma capa rica. A jovem fez-lhe a vontade e, quando o velho morreu, juntou o pouco dinheiro que restava para lhe dar uma sepultura digna.

Passou dias sem comer e noites sem dormir mas tinha a consciência tranquila de ter retribuído tanto em vida como na morte a bondade do velho. A jovem ficou naquele casebre e envelheceu sozinha.

O povo, que a achava estranha e lhe chamava bruxa, reparou que ela tinha o ritual de subir ao alto do monte e, num ar de êxtase, rezava a Deus pedindo-lhe que quando morresse o Manto Divino de Nossa Senhora do Monte cobrisse com a Sua bênção todos aqueles que naquela localidade A veneravam. Ao terminar aquelas palavras ela pegava na sua capa velha e erguia-a ao céu.

Este estranho comportamento chegou aos ouvidos do rei que a mandou vir à sua presença, acompanhada da famosa capa que todos diziam ter feitiço.

A velha senhora disse ao rei que nada tinha a ver com bruxedos e que o que fazia era apenas rezar a Deus. Comovido, o rei mandou-a embora com uma bolsa de dinheiro e a velha continuou a sua vida solitária até que um dia morreu.

Junto do corpo da Velha da Capa, que era como o povo a designava, encontraram uma carta dirigida ao rei. A Velha da Capa tinha descoberto na hora da sua morte que a capa era afinal uma capa rica porque tinha encontrado uma verdadeira riqueza escondida no seu forro. Pedia ao rei que utilizasse aquele tesouro para transformar aquela costa numa terra de sonho e maravilha onde houvesse saúde e alegria para todos.

Reza a lenda que foi assim que surgiu a Costa da Caparica, em homenagem de uma menina de origem desconhecida que tinha como único bem uma capa velha que afinal era uma capa rica.”

Não se afastará muito da origem remota desta lenda, a profissão de “adiceiros” ou “ourivezes” de muitos dos homens do Monte e da Charneca, muitos deles a viverem no tempo da safra em casebres construídos nas imediações da Foz do Rego.

O ouro que obtinham no garimpo e, muito em especial, a “miragem” das pepitas de ouro que sonhavam obter foi-se incutindo nas histórias que na oralidade da transmissão foram enriquecendo o imaginário das gentes até em lenda se transformar.

A existência de ouro “em abundância” na Foz do Rego e, com muita probabilidade, na ribeira da enxurrada que desagua perto, depois de atravessar todo o vale no lugar à época designado por Barriga, na Charneca de Caparica, não é por certo alheia à escolha desse local pelos religiosos eremitas de São Paulo para aí construírem um eremitério, atendendo também à riqueza aquífera do sítio.

Cerca de 1410 os terrenos terão sido doados por D. João I a Mendo Gomes de Seabra, guerreiro pertencente às tropas de D. Nuno Álvares Pereira que para salvação da sua alma em eremita se tornou, onde construiu a casa de raiz.

Funda um convento para albergar os eremitas de São Paulo a que deu o nome de Convento da Cela Nova (por alguns designado por Mosteiro), que com o decorrer dos tempos recebeu o nome de Convento de Nossa Senhora da Rosa (de Caparica), aparecendo no século XVI já referido como Santa Maria da Rosa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016


DOIRADAS SÃO AS AREIAS DO GRANDE AREAL, MAS AS PEPITAS DE OURO FULGEM AINDA MAIS E ATRAEM OS SERES HUMANOS DESDE TEMPOS IMEMORIAIS

[Continuação]
 

 
O druida Indevor - Viriato - Ebn Indrisi 
 
 
Mas onde se situa geograficamente a Adiça?
A resposta a esta questão tem dado origem a opiniões diferentes e a profundas divergências, podendo até, na tradição popular eventualmente vertida para documentos e mapas, existirem dois “sítios” a que é atribuída a designação de “Adiça”[1].

Citemos algumas passagens de documentação régia referindo-se à “Adiça” e a “minas de oiro”:

“… onde agora está a casa dos nossos adiceiros e as fontes e rego onde lavram o ouro dos medos…” – quando em Outubro de 1468 D. Afonso V faz da Adiça couto de hominizados.

“… não ocupando eles os ditos nossos adiceiros qualquer água do rio do rego que lhe for necessária…” – quando em 6 de Novembro de 1469 D. Afonso V concede por dois anos a Lopo de Almeida e a Lourenço Fiorentino a exploração do ouro na Adiça.

Sabemos, assim, que o local onde se encontra ouro em abundância (“al-maden”) é na Foz do Rego e o pouco interesse que tem a “Mina do Príncipe Regente” (ou “Mina de Ouro”, ou “Cabeço da Ponta do Mato” – cerca de 3 quilómetros a sul da Fonte da Telha) explorada por Andrada e Silva (ver CHOFFAT).[2]

A exploração significativa desta mina, considerada por muitos a mais importante mina de ouro de Portugal, pode ser analisada segundo três períodos cronológicos:

  I – de D. Sancho I até D. João III (de 1210 até 1526)

 II – de 1814 até 1826

III – de 1829 até 1834

I – de D. Sancho I até D. João III

Na carta régia de 9 de Dezembro de 1210 D. Sancho I faz a doação das minas de ouro que designa por “adicia” à Ordem de Santiago.

A grande euforia extractiva verifica-se no primeiro período iniciado com a doação, que foi confirmada em 6 de Fevereiro de 1218 pelo rei D. Afonso II.

A partir do reinado de D. Afonso III a mina deixou de ser explorada diretamente pela coroa como até aí, passando a ser feita por particulares, com a obrigação de ser para o rei um quinto do ouro extraído. Para que esse quinto fosse garantidamente entregue à coroa foi criado um sistema de fiscalização a cargo do “Quinteiro”.

Quinteiro – “Funcionário régio incumbido de fiscalizar a exploração das minas de ouro, uma vez que esta atividade se encontra a cargo de particulares”, in “Dicionário da História de Portugal”, de Joel Serrão. O “quinteiro” foi buscar o seu nome ao facto de retirar um quinto da produção da exploração para entregar à coroa. O cargo existiu, pelo menos, desde o reinado de D. Afonso III (1248-79), tendo este determinado que os “adiceiros” somente responderiam perante o seu “quinteiro”. Posteriormente, deixaram de ser de nomeação real, passando a serem eleitos pelos próprios mineiros.

Em 1290, o rei D. Dinis procura excitar a exploração das minas de ouro concedendo privilégios a todos aqueles que nelas trabalhavam e continuassem a fazê-lo. Deve-se a D. Dinis a iniciativa de cognominar de “Adiceiros” quem se ocupasse da extração de ouro em todo o Riba-Tejo.

A obra “Monarchia Lusitana” na parte que se refere a “Da vinda d’el Rey D. Diniz a Coimbra, com outras memórias deste anno” é afirmado que “do ouro da Adiça se fez o cetro & coroa que os Reys de Portugal costumam trazer nos actos públicos”.

Adiceiros (ou ourivezes da Adiça)[3] – Inicialmente esta designação foi dada aos que trabalhavam nas minas de ouro da Adiça (D. Dinis). Depois passou a designar os que extraiam ouro em todo o Riba-Tejo. Mais tarde assim eram chamados os que extraiam ouro de qualquer mina existente em Portugal.

Em 1439 eram 45 os adiceiros, todos referidos como residentes em Almada. Muitos, por certo, residiriam junto à mina ou mesmo no alto da rocha[4], em terras de Charneca. A atividade desta mina é grande importância social devido ao impacto que tem no mundo do trabalho da região onde está implantada.

Em 1458, os adiceiros estavam agrupados em Grupo dos 21 e Outros. Os do Grupo dos 21 eram os mineiros-mores, “mineiros do número” ou “mineiros do conto”, incluindo o alcaide da Adiça, um escrivão dos adiceiros, um ouvidor, um vedor, um juiz e um ou mais mestres. Pagavam anualmente ao rei duas coroas em bom ouro; eram oficiais de nomeação régia e não eleitos pelos mineiros e eram os exploradores legais da mina.

Gozavam de muitos privilégios, tais como, não irem à guerra em terra ou no mar, não pagarem jugada nem foro algum das suas fazendas e outros mais que constam da Carta de Confirmação de El-Rei D. Manuel, de 2 de Maio de 1497, onde vêm mencionadas todas as cartas de privilégios concedidas pelos reis antecessores àquele.[5]

Tinham, contudo, a obrigação de entregar ao rei metade do ouro que se apanhava na Malhada.

O grupo dos “Outros” era constituído por 23, chamados mineiros menores, e pagavam ao rei uma coroa por cabeça. Praticamente não tinham privilégios.

Eram muitas as queixas das gentes de Almada acerca do abuso dos privilégios e do comportamento antissocial dos adiceiros. O mesmo acontecia em relação às suas mulheres cujas ocupações principais eram como padeiras e regateiras. Tinham um comportamento muito conflituoso.

Os homens possuíam bestas com que faziam danos nas searas e nas vinhas alheias, roubavam fruta e lenha, mas devido aos privilégios que detinham escapavam sempre à justiça dos almotacés e, igualmente, à do concelho. Se a queixa era apresentada ao juiz privativo o resultado era sempre nenhum.

A lavra deu bom rendimento até ao reinado de D. João III que fez a doação das minas a António da Fonseca, por Carta de 17 de Abril de 1526, mas como o concessionário foi muito tirano e vexava os trabalhadores com impostos e extorsões, a exploração acabou por falta de operários.[6]

II – de 1814 até 1826

A ausência de referência a estas minas de ouro posteriores à Idade Média e à época dos Descobrimentos terá tido origem não só na baixa rentabilidade da extração aurífera como também à concorrência do ouro que passou a vir da Costa da Mina (na costa de África) e do Brasil.

Somente se volta a referir as minas de ouro (da Adiça) quando em 1814, por mandado de D. João VI, o Doutor José Bonifácio de Andrada e Silva, Intendente Geral das Minas, que mais tarde foi deputado da Assembleia Constituinte e Ministro do Império do Brasil, procedeu a uma demorada e inteligente pesquisa, empregando homens munidos de ferramentas de última invenção.[7]

Andrada e Silva escolheu para executar o seu estudo o terreno da baía que começa na Trafaria e termina no Cabo Espichel, a designada “costa do mar”,[8] escolha baseada “nas notícias históricas que tinha obtido na Torre do Tombo”. O trabalho de campo executado por Andrada e Silva, depois escrito e lido na Academia Real, refere a existência de quatro zonas de mineração aurífera para sul da Fonte da Telha e junto à “Barreira ou Medão que fica quase a pique, e sobranceiro à fralda da praia”, a saber:

Adiça (ou Mina)

Muito perto da Fonte da Telha na direcção do sul.

Príncipe Regente (na Ponta do Mato)

Situa-se quase a meio da baía[9] encostada à “fralda da Barreira”.

Olhos de Água

Situa-se mais a sul, a cerca de légua e meia (7,5 km) da Adiça. Cinco grandes nascentes de água e mais uma enorme quantidade de boqueirões arrastam sedimentos auríferos da Barreira para a praia.

Cruzinhas

Situa-se junto à praia a sul da Lagoa d’Almofeira[10] e nela existem importantes aglomerados de piçarra arenisca com muitos vestígios de ouro.

E ainda para a terra a dentro:

Azóia

Situa-se no “distrito” da Azóia que fica a duas léguas da Mina Príncipe Regente e arredada do mar quase meia légua.

Ponte das Cabeças

Situa-se neste lugar uma cascalheira aurífera que se estende até aos baixos de Feital.

É tradição entre os mais velhos da vizinhança do Cabo Espichel contarem que quando no tempo do rei D. João V foram abertas minas de água na Azóia e o precioso líquido transportado por um aqueduto até à Casa da Água para uso pelos peregrinos do Círio de Nª Sª do Cabo se deu conta da existência de rochas que continham muito ouro tendo, por isso, mandado parar a continuação da sua construção.

Na falta de mestres e de obreiros especializados que “soubessem da mineração e apuração de ouro em pó” Andrada e Silva contou com o saber de “hábil mineiro” Manuel Nunes Barbosa, da Capitania de Goiás (Brasil), que mais tarde foi nomeado Inspector e Mestre da nova mina designada “Príncipe Regente”.

O mar, sempre o maravilhoso mar do Grande Areal, não é alheio a toda esta azáfama aurífera. “Por um lado as ondas do mar embravecido sobre a imensa praia desabrigada contrariam muitas vezes os nossos trabalhos de mineração, por outro é o Oceano ao mesmo tempo um valentíssimo e excelente operário, que ajunta, e deposita as fagulhas sem conto do ouro derramado, e as lava e apura sobre as rampas da praia”.

III – de 1829 até 1834

Com a tomada do poder real pelos Liberais (D. Miguel) há uma nova tentativa de extrair ouro das minas da Adiça e de outras na margem sul do rio Tejo. Limitou-se, no entanto, a um curto período de cinco anos.

Consideramos ser relevante referir que a moeda de D. Miguel é mandada cunhar na Casa da Moeda com ouro proveniente da mina da Adiça.


[Continua]




[1] Situada nos areais e dunas da costa do Atlântico, desde o estuário do rio Tejo até à Lagoa de Albufeira, assim designadas por nelas crescer um junco útil para a alimentação dos cavalos e obras de cordoaria (do árabe).
[2] RAU, Virgínia – “Aspectos do “Trato” da “Adiça” e da “Pescaria” do “Coral” nos finais do Século XV, página 144 (nota de rodapé)
[3] Igualmente designados por Mineiros ou Ourivieiros da Adiça
[4] Corresponde à atual Arriba Fóssil da Costa da Caparica que Andrada e Silva designou como “Barreira ou Medão”.
[5] Chancelaria de D. Manuel, livro 29, fls. 69
[6] Chancelaria de D. João III, livro 46, fls. 160
[7] MEMÓRIA sobre a nova mina de ouro da outra banda do Tejo. Lida em 10 de Maio de 1815. In Memórias da Academia Real, fls. 140 a 152
[8] A atual cidade de Costa da Caparica foi designada em tempos passados por “Costa do Mar”, “Costa do Pescado” e por “Cabanas da Costa”.
[9] Andrada e Silva realizou o seu estudo sobre a produção aurífera numa área geográfica correspondente à baía que naturalmente se forma desde a Trafaria, a norte, e o Cabo Espichel, a sul.
[10] Actualmente designada por Lagoa de Albufeira, de certo modo um pleonasmo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016


DOIRADAS SÃO AS AREIAS DO GRANDE AREAL, MAS AS PEPITAS DE OURO FULGEM AINDA MAIS E ATRAEM OS SERES HUMANOS DESDE TEMPOS IMEMORIAIS

 
Os mais antigos ainda guardam na memória dos seus “medos” o que os pais e os avós lhes contavam sobre as minas existentes para lá da Fonte da Telha, terra de gente tão pobre a viver à beira de riquezas e esplendores inimagináveis.

“Medos” criados, por certo, para afastarem a criançada de uma zona que tanto tem de bela e monumental como de perigosa, a escarpa mais a sul da Arriba Fóssil, a que noutros tempos chamavam rocha, lá para os lados da Mina, no caminhar pela areia da praia na direção da Lagoa de Albufeira.

Falava-se, então, dos perigos que corriam as pessoas que se deslocavam até à Adiça no sonho de encontrarem uma pepita de ouro que os iria tirar definitivamente da miséria em que viviam. Dizia-se “à boca cheia” e sempre chegava aos ouvidos dos mais novos que ao lado de uma mina de ouro havia sempre uma mina de peste e que ao mais leve deslize a terrível doença que em Lisboa tantos mortos causava seria certa.

Nestas histórias que a tradição vai fazendo passar de boca em boca nas conversas de fim de dia junto ao fogo de chão, existe sempre algum fundo de verdade. Na realidade, diversa documentação refere a exploração de minas de ouro em terras da Adiça (“Ad-díçâ”) desde os tempos mais remotos.

Alguns estudiosos referem a origem de Almada, como topónimo da povoação situada do lado sul do rio Tejo, frente a Lisboa, na designação árabe dada a mina, “lugar onde há coisa em abundância, no caso, palhetas de oiro arrastadas pelas águas do Tejo… e recolhidas pelos moradores do sítio, junto ao forte”, mina de ouro, que pela sua importância mereceria ser adotada como topónimo – Al-madaan[1] > Almadana > Almadaa > Almada. O geógrafo árabe Ebn Edrisi escreveu na Sicília, onde se encontrava refugiado, pelos anos de 1151 a 1153, falando do Castelo de Almada (que quer dizer Castelo da Mina) que “assim se chama por causa do ouro que para ali acarreta o mar, quando anda bravo”.[2] O velho geógrafo árabe esteve, segundo Alexandre Herculano, em Hespanha entre 1142 e 1147 onde fez as suas observações pessoais. (Citado por Júlio de Castilho e David Lopes).

De leituras várias de textos mais ou menos ficcionados e de referências históricas diversas podemos mesmo concluir que além da aliciante situação geográfica de beira-rio, junto ao estuário do rio Tejo, terá sido a existência de ouro na região que originou um desenvolvimento extraordinário do que viria a ser a importante cidade de Almada. Há autores que defendem mesmo que o povoado de Caparica[3] deve a sua existência e esplendor aos “adiceiros” tendo sido a Foz do Rego o núcleo principal da atividade mineira que durante séculos se desenvolveu na medieva Adiça, no termo de Almada.

Damião de Góis [2 de Fevereiro de 1502 – 30 de Janeiro de 1574], na sua obra “Descrição de Lisboa[4] escreve: “A margem deste lado, descendo quase a pique sobre o mar, forma um espinhaço arqueado que se dirige para sul, até ao Promontório Barbárico [Cabo Espichel]. Entre os recôncavos dessa margem, há passagens inacessíveis e sinuosas, espécie de baixios. Ora é precisamente ali que os homens vão procurar o ouro, misturado com a areia, sobretudo no lugar chamado Adiça, embora também se encontre noutros sítios, ao longo da margem do Tejo. O facto era já conhecido dos antigos, pois alguns autores escreveram que o Tejo tinha abundância de ouro e pedras preciosas”.

Até mesmo a ascensão de Lisboa a capital de uma região e de um reino, de reinos tantos se recuarmos a tempos remotos, não será alheia ao facto da existência de ouro na região, em local de fácil acesso à navegação de cabotagem.

Quando trazemos à memória histórias que a História conta dos primórdios da ocupação humana das terras lusas, a epopeia do destemido pastor Viriato, que dos Hermínios desceu para nas planícies se tornar caudilho dos Lusitanos, em territórios de aquém e além “rio Tajo”, o ouro (o ouro da Adiça) está sempre presente na história e no imaginário das gentes mais antigas.

Não é, pois, de espantar que um dos segredos guardados por Idevor, o último dos druidas da Península Ibérica, a viver na Ilha Sagrada da Achala [Anicha, Portinho da Arrábida?] não muito distante das minas de ouro, pai adotivo de Lísia, eternamente noiva de Viriato, seja o segredo do “Colar de Ouro dos Três Crescentes[5].

As minas de ouro da Adiça já eram exploradas no reinado de D. Afonso Henriques, contudo, a referência histórica mais antiga acerca da mina de ouro remonta a 1210 (D. Sancho I) e corresponde à doação da décima parte da sua produção aurífera ao mestre da Ordem de Santiago, ao comendador de Palmela e ao Capítulo e que voltam à posse real no reinado de D. Afonso III.

No decorrer do tempo a designação da localização da referida mina de ouro foi sofrendo alterações na respectiva grafia: em 1210 – “adicia”; em 1245 – “adiça”; em 1272 – “adicie”; e em 1310 – “aldiça”. Terá sido, pois, a grafia usada em 1245 que prevaleceu até à atualidade – ADIÇA.
[CONTINUA]



[1] Anteriormente à ocupação árabe já os cartagineses e os romanos haviam explorado e extraído ouro da Mina da Adiça e das areias de aluvião do rio Tejo
[2] Citado em “MEMÓRIA sobre a nova mina de ouro da outra banda do Tejo”. Lida em 10 de Maio de 1815. In Memórias da Academia Real, fl. 147
[3] O mais antigo documento que regista o topónimo “Caparica” data de 13 de Janeiro de 1529, segundo Conde de Arcos.
[4] Urbis Olisiponis descriptio (Évora, 1554; Frankfurt, 1603; Coimbra, 1791; Raul Machado, Lisboa 1937; Tradução inglesa, New York, 1996)
[5] Viriato – História de uma epopeia lusitana, de Teófilo Braga, Apeiron Edições, Portimão 2011