quarta-feira, 29 de julho de 2020

NUMA TERRA ÁRIDA E SECA – TERRAS DE CHARNECA – UM OÁSIS DE ÁGUAS MEDICINAIS – III-Dos Poços das Quintas à Água Pública na Charneca de Caparica


Águas de características mineromedicinais comprovadas que foram sucesso como água engarrafada de qualidade superior e foram milagrosas na “cura da lepra e de doenças de pele” desde tempos remotos
Diferente disponibilidade de água entre o norte e o sul da Charneca de Caparica
A norte da povoação da Charneca de Caparica situa-se um importante lençol freático como descrições antigas permitem concluir, inclusive, com minas de água (ou fontes) de água mineromedicinal, analisadas por diversos especialista no decorrer dos tempos e sempre consideradas de elevada qualidade bacteriológica e de características medicinais – Barriga, Robalo, Casais da Charneca, Regateira e Botequim.
O mesmo não acontecia no desenvolvimento da Charneca de Caparica para sul em mais de meia légua ao correr da antiga Estrada Real, depois Estrada Distrital e posteriormente EN79 e mais tarde EN377, onde a penúria de água era grande recorrendo a população à boa vontade dos proprietário de poços, como descreve Duarte Joaquim Vieira Júnior:
Na Charneca era muito sensível a falta de água nos poços públicos, até finais da década de 1890, sendo os poços particulares, tais como os dos proprietários Jacome Vicente Gomes, António Francisco da Foz e Francisco Ferreira, e o de Vale de Rosal, que forneciam água na comunidade rural. O poço da quinta de Vale do Rosal fora aberto expressamente para serventia do público, graças à generosidade dos padres jesuítas, seus proprietários[1].
Poço quinhentista da Quinta de Vale de Rosal
Os proprietários de algumas quintas, como é o caso da Quinta da Regateira, construíam os poços divididos ao meio pelo miro da quinta. A parte interior era para serviço da quinta e a parte exterior ao muro para uso livre pela população.
A escassez de água era notória até para os simples actos de “lavar a roupa”, de cozinhar e para tomar banho.
Poço da Quinta da Regateira com a metade exterior para uso livre pela população
Na primeira metade do século XX ainda era assim como os mais antigos me descreveram:
Lavar a roupa na praia
Às segundas-feiras, em cima do burrito ou com a trouxa da roupa à cabeça as lavadeiras caminham pela Descida das Vacas, para lá da rocha, até à praia, Praia do Rei seria, onde vão lavar a roupa, que é previamente branqueada onde colocam sobre a mesma um pano grosso coberto de cinza que faz a função de branqueamento sem a sujar.
No longo areal que antecede a orla marítima escavam com uma enxada buracos até aparecer água, que é água doce. Utilizam três buracos com água doce, cada um com a sua finalidade. No primeiro para ensaboar colocam uma pedra plana onde esfregam a roupa, o segundo é para tirar o sabão e, finalmente, no terceiro para passar por água.
Depois estendem a roupa a corar e a secar no cimo de um medo coberto com uma “cama” de junco.
Pedra de lavar roupa na água doce da Praia do Rei
Água Pública – O “Chafariz do Botequim”
No início do ano de 1931, mais concretamente a 25 de Fevereiro, a Câmara de Almada toma conhecimento que estava autorizada pelo Ministério do Comércio e Comunicações a construir o chafariz da povoação da Charneca de Caparica. Na mesma sessão de Câmara foi deliberado mandar proceder à abertura de um poço de água potável no sítio da Rosa, para abastecimento à população da Charneca de Caparica, iniciando-se desde logo a obra por administração directa[2].
A 10 de Dezembro de 1931, Francisco Duarte Silva, proprietário de uma propriedade denominada “Vila Alice”, ao Botequim, na Charneca de Caparica, comunica à Câmara de Almada a sua intensão de ceder de boa vontade o moinho de vento situado dentro da mesma propriedade, para servir de depósito de água e, ainda, o terreno necessário para a instalação do respectivo chafariz. Apresentava como condições que aquela cedência era feita por prazo não determinado, reservando apenas o direito de reversão ao doador quando o moinho deixasse de ser aplicado para o fim a que era cedido salvaguardando assim um direito que reputava justo para evitar que de futuro fosse dado ao moinho e respectivo terreno outra aplicação. Manifestava também o desejo, a que chamava pedido, de que realizadas as instalações se canalizasse do referido depósito água para a sua habitação, garantindo-se-lhe o direito de aproveitar os desperdícios da mesma água do depósito para serem aplicados em benefício da sobredita propriedade onde o moinho existia[3].
Reunidas as condições, a Câmara mandou abrir concurso público para apresentação de propostas de orçamento para o fornecimento e montagem de um grupo motobomba e canalização para a estação elevatória da Charneca de Caparica, procedendo-se, em Março de 1932, à abertura das duas propostas concorrentes. Saiu vencedora a proposta apresentada por Francisco de Oliveira, estabelecido em Vila Nova de Caparica[4].
Chafariz do Botequim
O Chafariz do Botequim e o respectivo sistema de abastecimento de água foi inaugurado pela Câmara Municipal de Almada no ano de 1932. Trata-se do primeiro fontanário de água pública existente na Charneca de Caparica. Construído em alvenaria, em forma de ferradura, possuía na parte frontal tanque e bebedouro talhado numa pedra de calcário destinado ao uso humano e, na retaguarda, um bebedouro talhado na mesma pedra destinado aos animais que circulavam na estrada municipal, posteriormente EN79 e mais tarde EN377 e hoje desclassificada para rua (Rua do Botequim). Os mais antigos guardam nas suas memórias um chafariz em tons de branco e cinzento; o branco era o resultado de a população anualmente o caiar; o cinzento seria a tonalidade da pedra calcária envelhecida.
Chafariz do Botequim – Placa que data a inauguração
Recebia a água por gravidade de um depósito construído a partir de um antigo moinho de vento e que ainda hoje se encontra visível. A água era bombeada para o depósito com a utilização de uma motobomba a diesel a partir de um poço existente num rico aquífero, situado entre o local do chafariz e uma ribeira de enxurrada perto do sítio onde a partir de 1410 existiu o Convento da Cela Nova, dos eremitas religiosos de São Paulo, mais tarde designado Convento de Nossa Senhora da Rosa.
Testemunhos dos mais antigos referem mostrando a importância que o Chafariz do Botequim teve para a população local, desde as Casas Velhas até Palhais:
“Muitos baldinhos de água que eu fui aí buscar...antigamente não havia água canalizada e então as nossas mães iam buscar latas de 20 litros à cabeça pela estrada de terra batida. Só depois de a essa mesma estrada ser alcatroada [primeira metade do século XX] é que minha mãe fez um carrinho de madeira com rodinhas de esferas e então já levava 4 latas de cada vez.”
Decorria o ano de 1993, no mês de Março, encontrando-se o Chafariz do Botequim muito vandalizado, tendo mesmo sido roubados os tanques construídos em pedra que dele faziam parte, a Junta de Freguesia da Charneca de Caparica procedeu ao seu restauro com a utilização de cimento e pintados os realces em tinta castanho/ocre.
O historiador Alexandre Flores descreve assim o Chafariz do Botequim tal como se encontrava à data em que Carlos Canhou pintou uma magnífica aguarela tendo-o como tema:
O chafariz evidencia duas colunas rectangulares que suportam na sua parte superior uma estrutura em arco de volta perfeita. Tem uma torneira e uma pia rectangular, de pedra (já sem a grelha de ferro), e dois bancos laterais dispostos em “meia-lua”, Em frente, um pequeno frade de pedra resguarda todo o conjunto circular do chafariz.”[5]
Passados quase 20 anos, em finais de Agosto de 2012, de novo se verifica uma intervenção da Junta de Freguesia da Charneca de Caparica para proceder ao seu embelezamento, atendendo a que muitos charnequenses e outros interessados na história local o consideram um ícone da Freguesia. Procedeu-se então à reparação com cimento e a pintura dos realces em tinta azul (característica das fontes e chafarizes alentejanos), eventualmente, deste além-Tejo onde vivemos.
Actualmente [2011] o Chafariz do Botequim apresentava-se de novo muito vandalizado, especialmente, com a inscrição de “grafitti” e um aspecto de grande abandono, embora continue a ser útil para o abastecimento de água a famílias mais carenciadas que vivem na zona.
A Junta das Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda cuidou de um novo restauro, recuperando de novo a cor ocre na sua pintura (12 de Abril de 2019), e muito bem na nossa modesta opinião, apresentando-se de novo o Chafariz do Botequim como uma referência visual e de memória com a dignidade que merece.
A Água Pública na Actualidade
Com o aumento exponencial da população da Charneca de Caparica, especialmente após a construção da Ponte sobre o Tejo, o Município de Almada criou vários sistemas de armazenagem e distribuição de água – Quintinhas, Aroeira e outros – que rapidamente se mostravam insuficientes.
Em 1977 é inaugurado e colocado em funcionamento o Reservatório do Lazarim com o objectivo de servir cerca de 10.000 habitantes das localidades de Lazarim, Estrelinha, Capuchos e Charneca de Caparica. A partir dos finais dos anos 80 do século passado, atendendo ao aumento sazonal da população em época de Verão na Costa da Caparica também a sua resposta começou a ser insuficiente.
No ano de 1993 com a entrada em funcionamento do Reservatório Semienterrado do Cassapo e o respectivo sistema adutor o abastecimento de água à Charneca de Caparica estabilizou, pese embora o importante crescimento populacional verificado entre os Censos 2001 e Censos 2011. Com capacidade de servir cerca de 30.000 habitantes das localidades de Charneca de Caparica, Aroeira e Fonte da Telha.
Reservatório semienterrado do Cassapo
A história local constrói-se diariamente nas diversas componentes do “sítio”: as Gentes, o Território e o Património. O acto de “fazer” contribui determinantemente para a história.
Tem sido de todos os tempos a preocupação da Câmara Municipal de Almada não só com a qualidade de excelência da água da torneira como, igualmente, o tratamento eficaz das águas residuais.
Vem este pensamento a propósito de uma importante obra realizada pela Câmara Municipal de Almada e inaugurada a 4 de Abril de 2016 em Charneca de Caparica e que veio enriquecer o “ciclo da água” local: a Estação Elevatória Compacta de Águas Residuais da Foz do Rego.
Esta obra de grande impacto na defesa do ambiente vem ajudar a resolver uma grave situação estrutural relacionada com as águas residuais na zona da Ribeira da Foz do Rego.
Estação Elevatória Compacta de Águas Residuais da Foz do Rego
Mas as “coisas” não acontecem por acaso. A cerca de poucas dezenas do local onde foi construída a Estação Elevatória e tal como mostra a imagem situa-se uma fonte (ou mina de água) histórica (com cerca de 700 anos) designada Mina ou “Fonte” de Nossa Senhora da Rosa e a que o povo chamava Fonte de Santa Luzia, atendendo às qualidades medicinais das suas águas (para problemas de vista).
Uma área mais vasta onde esta também se inclui situam-se os “Casais da Charneca” com origem nas casas dos trabalhadores rurais que serviam o Convento de Nossa Senhora da Rosa de que restam parcos vestígios.
© Victor Reis, 20110301 [Oficina das Ideias] [Olho de Lince] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [20200729]
© Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos]


[1] VIEIRA Júnior, Duarte Joaquim – VILA E TERMO DE ALMADA: APONTAMENTOS ANTIGOS E MODERNOS PARA A HISTÓRIA DO CONCELHO – Typ. Lucas, Lisboa, 1896, pp. 127-128
[2] Policarpo, António e FLORES, Alexandre – HISTÓRIA DA ÁGUA E SANEAMENTO EM ALMADA – Câmara Municipal de Almada / Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, Almada, 2016, p.263
[3] Policarpo, António e FLORES, Alexandre – HISTÓRIA DA ÁGUA E SANEAMENTO EM ALMADA – Câmara Municipal de Almada / Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, Almada, 2016, pp.270-271
[4] Ibid. pp.272-273
[5] FLORES, Alexandre M (texto) e CANHÃO Carlos (aguarelas), “Chafarizes de Almada”, Câmara Municipal de Almada, Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento, Almada, 1994, p104.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

NUMA TERRA ÁRIDA E SECA – TERRAS DE CHARNECA – UM OÁSIS DE ÁGUAS MEDICINAIS – II-Águas do Casais da Charneca


Águas de características mineromedicinais comprovadas que foram sucesso como água engarrafada de qualidade superior e foram milagrosas na “cura da lepra e de doenças de pele” desde tempos remotos
Águas dos Casais da Charneca
Nos indicadores geográficos da Península de Setúbal das oito fontes de águas mineromedicinais referenciadas, quatro situam-se no Concelho se Almada:
“Fonte do Paraíso (Caparica), água cloro-sulfatada, sódica, cálcica e magnesiana
Fonte dos Casais da Charneca (Charneca de Caparica), água hipotermal (17.7 graus C), cloretada sódica e bicarbonatada cálcica, levemente sulfatada e radioactiva
Fonte da Pipa (Cacilhas)
Fonte da Telha (Caparica) captada na base da arriba.”
Referenciada na mesma zona territorial a existência de quatro poços, o primeiro a nascente da ribeira, em territórios da Charneca de Caparica e mais três a poente da referida ribeira, na freguesia de Caparica, na Azinhaga da Rosa a caminho de Vila Nova.
As referências às águas mineromedicinais da Charneca de Caparica são muito antigas podendo ler-se menções à Fonte de Nossa Senhora da Rosa na “Corografia” (1712) e no “Aquilégio” (1726) como pertencente à cerca do convento do mesmo nome, dos Religiosos da Ordem de São Paulo Primeiro Eremita que, não estando determinada a data da sua construção, sabe-se ser já habitado por eremitas no ano de 1413. Refere-se a “Corografia” nestes termos
“Na cerca tem uma fonte com o nome de Nª Senhora da Rosa, cuja água é milagrosa e tem a virtude de curar a lepra”.
Já em 1932 as águas de “Casais da Charneca” eram referenciadas em Portugal Gráfico – Termas de Portugal (ref. 49).
Portugal Gráfico Termas de Portugal (1932) – col. Carlos Caria
Quanto à água da Fonte dos Casais da Charneca (poço), depois de ser utilizada de um poço aberto para fins agrícolas, foram nela reconhecidas capacidades curativas, tendo sido analisada por um funcionário do Instituto Central de Higiene (Rego, 1922) que a considerou “cloretada sulfatada”. Analisada de novo mais tarde (Carvalho, 1945) e considerada
a água dos Casais da Charneca é fria, hipossalina, cloretada sódica e bicarbonatada cálcica. De reacção alcalina, levemente sulfatada e fracamente radioactiva. Esta alcalinidade (ausência de anidrido carbónico livre) distingue-se das águas potáveis de composição análoga. Há ainda a notar uma cota elevada de catião zinco e a presença nítida de arsénico.
Acrescentando, ainda,
a água dos Casais da Charneca é muito pura atestando a excelência da captagem”.
A Água Engarrafonada e os Pirolitos
O início da comercialização da água da Fonte dos Casais da Charneca com a designação comercial de Água da Quinta de S. Vicente data dos anos 20/30 do século passado, sendo seu proprietário João da Silva Tavares, “o barateiro do Monte”, com loja de fazendas, mercearias e vinhos de porta aberta no Monte de Caparica, a quem foi atribuído o Alvará de concessão, publicado no DG, nº117, II série, de 22 de Maio de 1924, com área reservada de 81 hectares.
O relatório de Acciaiuoli (1947)[1] respeitante aos anos de 1943-1946 refere que novas obras de captagem tinham sido executadas e sobre a nascente [?] tinha sido construído um pavilhão iniciando-se a comercialização desta água em 1945.
Depois de um período de algum abandono, em que por despacho ministerial de 30 de Dezembro de 1939, publicado DG, nº5, 2ª série, de 6 de Janeiro de 1940, foi considerada “abandonada”, esta água voltou ao mercado nos anos 40 do século XX, pela mão de Armando da Costa Lima, a quem nova concessão foi atribuída em 24 de Agosto de 1943, publicada no DG, nº196, III série, sendo muito conceituada para os tratamentos do estômago, intestinos, rins e de doenças de pele.
Em 1949 um folheto turístico/publicitário recomendava a utilização das Águas Mineromedicinais de Casais da Charneca aos visitantes da Praia do Sol. Um “slogan” muito bem concebido
Uma estação de repouso e alegria se está erguendo em Caparica à sombra do prestígio desta preciosa e já famosa Água
referenciava a existência de uma Estação Termal.
Águas mineromedicinais de Casais da Charneca 11-8-49 – col. Carlos Caria
Henrique da Costa Lima chegou a solicitar estudos de viabilidade para a instalação na sua Quinta de um complexo termal de características turísticas, o que nunca chegou a concretizar.
A captação era feita num poço de 12 metros de profundidade, originalmente para uso agrícola, situado a poucos metros a poente da Quinta de S. Vicente e a nascentes da ribeira. A cerca de dois metros do fundo um tubo de grés fazia a ligação à oficina de engarrafamento, localizada a cerca de 80 metros a jusante do poço e para onde a água corria por gravidade.
Poço primitivo da Água dos Casais da Charneca
A água desembocava num reservatório, abaixo do nível do solo, ao lado da oficina, com um caudal de 1,6 metros cúbicos em 24 horas.
A água de “Casais da Charneca” foi comercializada somente em garrafões de 5 litros com a marca comercial de Águas de S. Vicente. Na mesma oficina eram fabricados os designados “pirolitos”, água gaseificada com sabor ligeiro a limão, muito célebres na década de 40 e 50 do século XX. A miudagem conseguia “sacar” da garrafa a esfera de vidro fosco que lhe servia de fecho hermético para utilizar como berlinde no popular jogo do “bilas”.
No tanque da referida oficina existia um nicho que acomodava uma imagem de S. Vicente patrono das águas aí produzidas, muitas vezes roubado e tantas outras reposto.
Águas de “Casais da Charneca” – “Oficina” de engarrafamento (de garrafões) e de fabrico de “pirolitos” – Marca comercial: Águas de S. Vicente
A Quinta de S. Vicente é, à época, um lugar privilegiado de estágio de conceituados boxeurs e praticantes de luta-livre, com destaque para Miguel França, Luís Augusto, Tarzan Taborda, Zé Luís e Santa Camarão de quem o proprietário da Quinta, Costa Lima, era “manager” e treinador.
Quinta de S. Vicente que deu o nome à água engarrafonada
Esta exploração comercial terá terminado no fim da década de 1960, por falecimento deste seu último proprietário, tornando-se herdeira do local a Santa Casa da Misericórdia do Porto.
José Mateus da Silva, de 70 anos, ribatejano a viver há cerca de 40 anos na Charneca de Caparica, com quem conversamos em 7 de Novembro de 2009, recorda-se perfeitamente da existência de quatro poços, o primeiro no território da freguesia da Charneca de Caparica e mais três na freguesia de Caparica, na Azinhaga da Rosa a caminho de Vila Nova.
Conversámos também com João Isidoro, conhecido por “João Pastor” e a quem os mais antigos chamam “João Cabrão”, de 85 anos feitos no mês de Fevereiro de 2010, nascido na Sobreda, que vive e pastoreia nas imediações das fontes que “conhece como as palmas das suas mãos”.
João Isidoro, o “João Pastor” que nos levou a visitar as fontes em 2010
De boa memória, recorda os tempos idos em que chegou a trabalhar na Quinta de Monserrate em vida do empresário Vasco Morgado, seu proprietário, embora o seu trajecto de vida tenha sido normalmente a trabalhar por conta própria na agricultura, na pecuária e no pastoreio. Excepção feita aos tempos em que fez uma incursão profissional pela indústria, tendo trabalhado na Fábrica da Pólvora de Foros da Amora, onde sobreviveu a duas violentas explosões e não tendo querido correr o risco de uma terceira.
O João Isidoro mostrou-nos alguns poços e fontes existentes no local referenciando-nos, em especial, o poço que havia servido para abastecer a oficina de enchimento das Águas dos Casais da Charneca e a fábrica de pirolitos.
Em razão da existência deste importante aquífero, com algumas das suas emergências de água de cariz mineromedicinal, concentrou-se nesta zona, com o decorrer do tempo, um importante conjunto de edificações, dando importância a este núcleo habitacional que no “Plano de Urbanisação do Concelho de Almada”, de 1942, aparecia referenciado com destaque e com a designação de Monserrate, mas que genericamente se designa Botequim.
© Victor Reis, 20110301 [Oficina das Ideias] [Olho de Lince] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [20200727]
© Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos]


[1] ACCIAIUOLI, Luiz de Menezes Corrêa – HIDROLOGIA PORTUGUESA (1943-1946) - Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos, Lisboa, 1947

NUMA TERRA ÁRIDA E SECA – TERRAS DE CHARNECA – UM OÁSIS DE ÁGUAS MEDICINAIS – I-Águas do Vale da Rosa em Tempos Remotos


Águas de características mineromedicinais comprovadas que foram sucesso como água engarrafada de qualidade superior e foram milagrosas na “cura da lepra e de doenças de pele” desde tempos remotos
ÁGUAS DO VALE DA ROSA EM TEMPOS REMOTOS
Num vale talhado entre dois montes que a vista não alcança mais além, em terras que se designam em tempos idos por Robalo e ainda hoje mantém essa designação uma povoação situada a poente, a uma légua de Almada para sul, muito para lá da rocha que bordeja a linha dourada do Grande Areal em mais de 15 quilómetros, para o lado do Nascente, fica um imenso território ermo, sem sinal de vivência humana.
É nestas terras de ninguém que os religiosos da Ordem de São Paulo Primeiro Eremita fundam uma albergaria a que dão o nome de Convento da Cella-Nova (ou Convento do Robalo, que é o mesmo) decorre o ano de 1414 e mais tarde toma o nome de Convento de Nossa Senhora da Rosa.
Construído sobre um importante lençol freático, é abundante a água que brota livremente de diversas minas ou fontes e a que são atribuídas qualidades milagrosas com a virtude de curar a lepra e doenças de pele, assim como males de fígado e de estômago. Na invernia corre um fio de água (quantas vezes de enxurrada) até ao mar Atlântico onde vai desaguar. Quando a maré está de enchente e o mar mais agitado o sentido das águas inverte-se formando um esteiro que entra terra dentro cerca de dois a três quilómetros.
Sistema de Águas dos Casais da Charneca © Google 2015
Desde os tempos mais remotos é referenciada a existência de três fontes de água mineromedicinais todas situadas num aprazível e verdejante vale, o Vale da Rosa
um vale profundo que dele não se dilata a vista mais que a dos montes circunvizinhos
onde corre um ribeiro, outrora referenciado como esteiro do mar Atlântico, que actualmente (2020) serve de fronteira natural entre as freguesias de Caparica (União das Freguesias de Caparica e Trafaria) e de Charneca de Caparica (União das Freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda). Uma concentração de tão elevado número de fontes pressupõe, desde logo, a existência no local de importante lençol freático que em tempos serviu para captação das águas para abastecimento público da Charneca de Caparica.
As três fontes ou minas de água referidas são:
A Mina de Água ou “Fonte” de Nossa Senhora da Rosa (ou do Esteiro, ou de Santa Luzia)
A Mina de Água ou “Fonte” do Convento Paulista
Fonte da “Telha” do Vale da Rosa
cujas águas são indicadas para o aparelho digestivo e rins (Contreiras, 1951) [1].
Mina de Água ou “Fonte” de Nossa Senhora da Rosa [2]
Designada igualmente por “Fonte do Esteiro” e no dizer popular chamada “Fonte de Santa Luzia” atendendo as qualidades medicinais no tratamento dos olhos. Referenciada como milagrosa e com virtude de curar a lepra [3]. Situa-se na cerca do Convento de N. Senhora da Rosa dos Religiosos da Ordem de São Paulo Primeiro Eremita a uma légua de distância da Vila de Almada.
As pessoas mais antigas ainda contam que ouviram contar a seus avós que as gentes das redondezas desta fonte lhe chamavam, igualmente, “Fonte Santa” e lhe atribuíam o milagre de curar as maleitas dos olhos dos mais pequeninos. Recordam mesmo o ritual de pendurarem nos vimes que existiam na zona os trapinhos com que embebidos em água (santa) limpavam os olhos doentes. Quando os trapinhos ficassem secos os olhos estariam curados.
Mina de Água ou “Fonte” de Nossa Senhora da Rosa
Mina de Água ou “Fonte” do Convento Paulista
Situa-se a curta distância do local onde teria existido o Convento de N. Senhora da Rosa dos Religiosos da Ordem de São Paulo Primeiro Eremita. Os populares também a designavam por Mina de Água ou “Fonte” da Rosa.
Esta fonte encontra-se num lote em avos onde foi construída uma casa clandestina na segunda metade do século XX.
Mina de Água ou “Fonte” do Convento Paulista
Fonte da Telha do Vale da Rosa
Situa-se próximo do Convento de Nossa Senhora da Rosa dos Religiosos da Ordem de São Paulo Primeiro Eremita, num silvado junto à ribeira, e na direcção da Foz do Rego.
No que concerne à Fonte da Telha, que de topónimo semelhante nada tem a ver com a aldeia piscatória localizada a sul do concelho de Almada, é por certo uma outra emergência do mesmo aquífero, na escavação de um declive de terreno, tendo assim sido denominada por correr a água por uma telha ali colocada. É água muito procurada pelos populares pelos seus efeitos digestivos. Um utilizador desta água afirma
Esta água tem muita argila, eu dou-me bem com ela, como é água de nascente dá muito boa disposição. Agora já há uns tempos que cá não vinha. Mas por exemplo às vezes tinha assim uma azia de estômago e bebia e passava logo.”[5]
Referências
[1] - CONTREIRAS, Dr. Ascensão – MANUAL HIDROLÓGICO DE PORTUGAL – Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1951
[2] - COSTA, Padre António Carvalho da – COROGRAFIA PORTUGUEZA E DESCRIPÇAM TOPOGRAFICA DO FAMOSO REYNO DE PORTUGAL, Officina Real Deslandesiana, Lisboa, 1712, Tomo III, p. 318
[3] - HENRIQUES, Francisco Fonseca (Dr. Mirandela) – AQUILÉGIO MEDICINAL – Oficina da Musica, Lisboa Ocidental, 1726, Cap. III Das fôtes frias, CLXXIV Fonte de Almada, p. 186
[4] - COSTA, Padre António Carvalho da – COROGRAFIA PORTUGUEZA E DESCRIPÇAM TOPOGRAFICA DO FAMOSO REYNO DE PORTUGAL, Officina Real Deslandesiana, Lisboa, 1712, Tomo III, p. 318
[5] - AQUILÉGIO DIGITAL – Águas Termais (Para ingestão) – http://www.aguas.ics.ul.pt/setubal_frosa.html - Visitado em 23 de Outubro de 2016
© Victor Reis, 20110301 [Oficina das Ideias] [Olho de Lince] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [20200726]
© Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos]

sexta-feira, 24 de julho de 2020

RESERVA BOTÂNICA DA MATA NACIONAL DOS MEDOS – TRILHOS E PERCURSOS – 6. TRILHOS DO CABO DA MALHA


Corre-me nas veias o aroma dos pinheiros mansos; Corre-me nas veias o silêncio da Mata tranquila; Corre-me nas veias a brisa e o marulhar do Mar; Corre-me nas veias o caleidoscópio das cores das flores consoante a estação do ano; Corre-me nas veias as pegadas dos animais e das aves que habitam a Mata; Corre-me nas veias os voos e a "voz" dos corvídeos. A MATA DOS MEDOS É O MEU VÍCIO!
PELOS TRILHOS DA MATA DO CABO DA MALHA A POENTE E A NASCENTE DA ESTRADA REAL COM O MAR ALI TÃO PERTO
Deixamos o carro estacionado em segurança numa das zonas fora-da-estrada junto à EN377, onde já deixou se ser arruamento urbano (rua Dom João V) e passou a ter cariz florestal, depois de passarmos a “Descida da Fonte da Telha” cerca de 200 metros à frente.
Por uma entrada pedonal penetramos na zona de mata, Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos, dirigindo-nos para poente na direcção do mar Atlântico por trilho na sombra de frondosos pinheiros.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Trilho
Fomos de imediato surpreendidos pela cor forte da Centáurea lusitânica “Centaurea sphaaerocephala s. lusitanica”, nas fases de início de floração e de floração completa. Logo adiante, num miradouro natural, a vista soberba do Mar Atlântico com o Cabo Espichel, o “Barbarico Promontorium” dos romanos, ao fundo.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Cabo Espichel, o “Barbarico Promontorium”
A Primavera ainda há pouco a dar os primeiros passos oferecia-nos um dia radioso que a Natureza aproveitava para colorir os caminhos com um floral maravilhoso: A Aroeira “Pistacia lentiscus” com a sua folhagem característica e flores avermelhadas a despontar; A Salsaparrilha-bastarda “Smilax áspera” trepadeira a emaranhar-se noutros arbustos; A alva Estevinha “Cistus salviifolius” e Urze-das-vassouras “Erica scoparia”.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Aroeira “Pistacia lentiscus”
Numa zona de recente replantação de Pinheiros mansos, com menos de cinco anos, um magnífico espaço a mostrar toda a vitalidade da Natureza. Logo mais além um vasto campo coberto de aromáticas lavandas com destaque para o Rosmaninho-pedunculado “Lavandula pedunculata”.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Rosmaninho-pedunculado “Lavandula pedunculata”
O verde do pinheiro, especialmente do Pinheiro-manso “Pinus pinea”, sempre a acompanhar-nos, mesmo quando a sua sombra não evite que tenhamos que despir alguma peça de roupa pois o calor se fazia sentir.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Pinheiro-manso “Pinus pinea”
Nas zonas mais húmidas ainda deparamos com um ou outro cogumelo que em breve irão desaparecer com a chegada do tempo mais quente.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Cogumelos
De novo junto à Estrada Florestal (que já foi a parte final em terras de Almada e seu Termo da ex-EN377) atravessamos na direcção de nascente entrando numa zona arbórea e arbustiva totalmente diversa da anterior. Estamos no Parque das Merendas do Cabo da Malha e vamos subir até à Torre de Vigia que tem a mesma identificação [Cabo da Malha].
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Parque das Merendas do Cabo da Malha
A subida é ingreme por trilhos estreitos e há que respeitar as normas da Reserva Botânica, não pisotear fora dos respectivos trilhos.
A enorme duna [Medos - médos] é evidente, os trilhos são de areia e o progresso é difícil. Muitas árvores, especialmente Pinheiro Manso e Acácias derrubadas por temporais de anos anteriores apresentam belas formas que a Natureza preserva.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Esculturas Naturais
Junto ao posto de vigia do Cabo da Malha, algo danificado pelos temporais recentes [2018], o olhar perde-se para lá do amplo espaço até à serra de Sintra, ao Monte da Lua. [O Posto de Vigia foi reconstruído a tempo de ficar operacional para a época dos fogos de 2019]
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Posto de vigia do Cabo da Malha
Esperamos por vós para melhor conhecermos a Mata.
RBMNM – Trilhos do Cabo da Malha – Esperamos por vós para melhor conhecermos a Mata
© Victor Reis, 20180404 [Oficina das Ideias] [Olho de Lince] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [RB Mata Nacional dos Medos] [Trilhos do Cabo da Malha] [20200724]
© Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos]

quarta-feira, 22 de julho de 2020

RESERVA BOTÂNICA DA MATA NACIONAL DOS MEDOS – TRILHOS E PERCURSOS – 5. CAMINHO DAS FIGUEIRAS


Corre-me nas veias o aroma dos pinheiros mansos; Corre-me nas veias o silêncio da Mata tranquila; Corre-me nas veias a brisa e o marulhar do Mar; Corre-me nas veias o caleidoscópio das cores das flores consoante a estação do ano; Corre-me nas veias as pegadas dos animais e das aves que habitam a Mata; Corre-me nas veias os voos e a "voz" dos corvídeos. A MATA DOS MEDOS É O MEU VÍCIO!
PELA “AZINHAGA DAS PERDIZES” A QUE O POVO TAMBÉM CHAMA “CAMINHO DAS FIGUEIRAS”
Deixamos a EN377-2, onde há pouco ainda era Estrada Florestal, na direcção sul/poente mesmo defronte das desactivadas instalações da NATO, na chamada Descida das Vacas e entramos num caminho de terra batida onde o trânsito de veículos privados é proibido mas que alguns ousam não respeitar.
RBMNM – Caminho da Figueiras – Azinhaga das Perdizes
Estamos na designada “Azinhaga das Perdizes” – assim chamada pelos Vigilantes da Natureza pela grande quantidade de perdizes que nidificam nas imediações – e a que o Povo sempre chamou “Caminho das Figueiras” atendendo ao elevado número existente destas árvores, uma das históricas da Charneca de Caparica.
RBMNM – Caminho da Figueiras – Figueira, árvore histórica da Charneca
Somos ladeados em todo o percurso, a poente pelo grande areal do mar Atlântico e a nascente pela arriba fóssil que integra a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica.
RBMNM – Caminho da Figueiras – A poente o grande areal do mar Atlântico
RBMNM – Caminho da Figueiras – A nascente a Arriba Fóssil
Entre o “Caminho das Figueiras” e o mar prolifera o acacial nos seus tons de amarelo doirado, plantado cerca dos anos 50 do século XX, planta exótica e invasora que pouco a pouco toma conta do território, mesmo em locais não desejados, e que no início foi plantada para a secagem das zonas pantanosas. À beira do caminho mantêm-se vetustas figueiras e algumas oliveiras.
RBMNM – Caminho da Figueiras – Entre o “Caminho das Figueiras” e o mar prolifera o acacial
Para o lado da Arriba Fóssil muitos pinheiros, alguns de gigantesca dimensão, a par com arbustos autóctones com prevalência para a Aroeira “Pistacia lentiscus”. É este um local de caça para as águias que daqui fazem a sua zona de repasto.
RBMNM – Caminho da Figueiras – O vermelho do florir da Aroeira “Pistacia lentiscus”
No início da Primavera, na paisagem prevalecem as diferentes tonalidades de verde, o amarelo doirado da Acácia-das-dunas “Acacia saligna”, o vermelho do florir da Aroeira “Pistacia lentiscus”, o branco das minúsculas Silene-branca ou Assobio “Silene alba”, o Lilás da Ervilhaca-comum “Vicia sativa” e o amarelo do Tremoceiro-amarelo “Lupinus luteus” e da Erva-gorda “Arctotheca calendula”.
RBMNM – Caminho da Figueiras – O amarelo do Tremoceiro-amarelo “Lupinus luteus”
Durante grande parte do percurso fomos acompanhados por praticantes de parapente que saltaram na plataforma da Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos planaram até às imediações da Costa da Caparica e voltaram ao ponto de partida navegando ao sabor das isobáricas.
RBMNM – Caminho da Figueiras – Praticantes de parapente
Neste caminhar que nos pode levar até à Fonte da Telha sempre pela base da Arriba Fóssil temos à nossa direita, as praias do Rei, Morena, Nova Vaga, Bela Vista e Dezanove e à nossa esquerda lá no topo da arriba a Bateria da Raposa e as antigas Descidas do Corvo, da Raposa e do Facho.
RBMNM – Caminho da Figueiras – Arriba Fóssil
Voltem Sempre. A Natureza agradece.
RBMNM – Caminho da Figueiras – Voltem Sempre. Folha de Figueira
© Victor Reis, 20180401 [Oficina das Ideias] [Olho de Lince] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [RB Mata Nacional dos Medos] [Caminho das Figueiras] [20200722]
© Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos]