Corre-me
nas veias o aroma dos pinheiros mansos; Corre-me nas veias o silêncio da Mata
tranquila; Corre-me nas veias a brisa e o marulhar do Mar; Corre-me nas veias o
caleidoscópio das cores das flores consoante a estação do ano; Corre-me nas
veias as pegadas dos animais e das aves que habitam a Mata; Corre-me nas veias
os voos e a "voz" dos corvídeos. A MATA DOS MEDOS É O MEU VÍCIO!
PELOS
TRILHOS DA MATA DA CASA DA CHAVE
Situa-se
a “Mata da Casa da Chave” na zona nordeste da Reserva Botânica da Mata Nacional
dos Medos (lê-se “Médos”) cuja designação se deve ao facto de se encontrar
implantada em cima de grandes massas dunares (designadas “médos”) sobranceiras
ao Mar Atlântico no topo da Arriba Fóssil da Costa da Caparica.
A
“Mata da Casa da Chave” deve a sua designação ao facto de nela existir a
chamada “Casa da Chave” reminiscência da época em que sendo Real esta Mata era
também couto de caça da Família Real que recolhia nesta casa a chave de acesso
à propriedade então vedada e onde somente à Família Real e seus convidados era
franqueado o acesso.
RBMNM – Percurso Casa da Chave – Mapa de localização
Encontras-te
no Parque das Merendas da Casa da Chave, fronteiriço à Casa do Guarda Florestal,
na confluência da Estrada Florestal com a antiga Estrada Militar e és recebido
por uma sinfonia de musicalidade única no cantar de aves variadas que habitam a
Mata. No portal, o pinheiro-manso (Pinus
pinea) e o pinheiro-bravo (Pinus
pinaster) curvam-se à tua entrada nos trilhos da Mata. Podes da mesma forma
observar Aroeiras (Pistacia lentiscus),
Sabina-das-Praias ou Zimbro (Juniperus
turbinata), Espinheiro-Preto (Rhamnus
lycioides) e o Medronheiro (Arbutus
unedo).
RBMNM – Percurso Casa da Chave – O pinheiro-manso (Pinus
pinea) e o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) curvam-se à tua entrada nos trilhos
da Casa da Chave
Segue
pela direita na direcção do mar de que já ouves o marulhar num trilho largo a
que poderíamos chamar “Caminho dos Pica-Paus” outros chamam “Caminho dos
Medronheiros” até chegares ao aceiro (ou corta-fogo) que vai directo ao
miradouro – Miradouro do Cavalo. A ladear o trilho flores de Madressilva (Lonicera periclymenun) que deixam no ar
seu aroma adocicado e medronheiros ainda com “rabisco” do Inverno que terminou.
Por aí não vais seguir.
RBMNM – Percurso Casa da Chave - “Caminho dos
Pica-Paus”
Repara,
igualmente, numa trepadeira muito sensível e bela que por vezes passa despercebida:
A Salsaparrilha (Smilax áspera). [da
trilogia de refrescos da primeira metade do século XX: groselha, capilé e
salsaparrilha].
RBMNM – Percurso Casa da Chave – A Salsaparrilha (Smilax
aspera)
Cortas
à direita e percorres alguns metros da antiga estrada florestal, do troço que
foi cortado ao trânsito procurando-se assim a sua renaturalização para usufruto
das pessoas. Logo que encontrares a entrada de um trilho à esquerda por aí
seguirás.
É
uma das zonas mais selvagem do percurso embora com trilho marcado é aqui e ali
totalmente traçado pelos túneis das toupeiras no seu constante caminhar
subterrâneo. Segue pelo designado “Caminho dos Sobreiros” atendendo à
existência de dois Sobreiros (Quercus
suber) solitários que resultaram do devaneio de um guarda-florestal que no
solo “deixou” duas bolotas, agora acompanhados por dois “filhos”.
RBMNM – Percurso Casa da Chave - “Caminho dos
Sobreiros” atendendo à existência de dois Sobreiros (Quercus suber) solitários
A
súbita mudança de cores das flores silvestres indica-te que estás no “Caminho
do Rosa e Vermelho” com uma profusão colorida do Fel-da-Terra (Centauruim erithraea), da
Roselha-pequena (Cistus crispus), do
Rosmaninho (Lavandula stoechas) e de
outras florinhas vestidas de rosa e de vermelho. Presta igualmente atenção à
exuberante flor do cardo Centáurea (Centaurea
shaerocephala).
RBMNM – Percurso Casa da Chave - “Caminho do Rosa e
Vermelho” com uma profusão colorida do Fel-da-Terra (Centauruim erithraea)
Ao
desembocares no aceiro de que há tempo te havias afastado cortas à direita e lá
ao fundo já vês o miradouro – o “Miradouro do Cavalo” – que faz parte do
percurso azul (do Zimbral 2).
Ao
chegares ficas extasiado com a grandeza do mar azul. À tua frente uma ampla
baía em forma de ferradura (abatimento da costa há muitos milhares ou milhões
de anos? resquícios da mítica Atlântida?). Se olhares para Norte tens uma vista
soberba da Serra de Sintra, o Monte da Lua. Para Sul, a Fonte da Telha, a Lagoa
de Albufeira e o Cabo Espichel, o Promontório Barbárico dos romanos. Situa-se
no topo da Arriba Fóssil assim designada por actualmente não ser atingida pelas
águas do Oceano Atlântico. Tal acontece desde o Terramoto de 1755 quando o mar
recuou e não mais voltou. A Arriba Fóssil é constituída por rochas sedimentares
possuindo a camada mais antiga cerca de 15 milhões de anos.
RBMNM – Percurso Casa da Chave - “Miradouro do
Cavalo”
E
regressas…
Regressas
pelo caminho da ida até encontrares, de novo, a Estrada Florestal. Mas agora
cortas à esquerda e segues até ao triângulo de confluência com a “Descida das
Vacas”. Um pouco antes, cortas à direita e percorres alguns metros no aceiro.
Quando à tua esquerda um vetusto pinheiro bravo se curvar sobre ti entra no
trilho à direita que te levará ao ponto de partida: O Parque das Merendas da
Casa da Chave.
RBMNM – Percurso Casa da Chave – Aceiro, percurso
dunar
E
não esqueças… VOLTA!
RBMNM – Percurso Casa da Chave – Desejo que voltes
©
Victor Reis, 20170516 [Oficina das Ideias] [Olho de Lince] [Histórias da
História da Charneca de Caparica] [RB Mata Nacional dos Medos] [Caminho da Casa
da Chave] [20200720]
©
Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março,
e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de
Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela
Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela
Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos
Conexos]
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