Corre-me
nas veias o aroma dos pinheiros mansos; Corre-me nas veias o silêncio da Mata
tranquila; Corre-me nas veias a brisa e o marulhar do Mar; Corre-me nas veias o
caleidoscópio das cores das flores consoante a estação do ano; Corre-me nas
veias as pegadas dos animais e das aves que habitam a Mata; Corre-me nas veias
os voos e a "voz" dos corvídeos. A MATA DOS MEDOS É O MEU VÍCIO!
Vem
comigo caminhar na Mata do Zimbral – II
Recebo-te
aqui na “sala de visitas” da Mata do Zimbral, zona integrante da Reserva
Botânica da Mata Nacional dos Medos. Parque de merendas e estacionamento à
beira da Estrada Florestal que liga a Costa da Caparica à Fonte da Telha.
A
Mata Nacional dos Medos foi classificada pelo Decreto-Lei nº444/71, de 23 de
Outubro, como Reserva Botânica, estando integrada na Paisagem Protegida da
Arriba Fóssil da Costa da Caparica, entidade responsável pela sua gestão.
Esta
Mata por onde hoje te vou levar a caminhar e a observar elementos florísticos e
paisagísticos tem a designação de Mata do Zimbral devido à proliferação nesta
zona da Sabina da Praia (Juniperos phoenicea), hoje em dia tão popular por ser
a base primeira para a destilação do Gin, o Zimbro.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Pinheiros Mansos
e Sabina-das-Areia
Estação
A
Observa
nesta zona a espécie dominante, o Pinheiro Manso (Pinus pinea) com as suas
copas magníficas (chapéus de chuva abertos) onde existem muitos exemplares
centenários. Não te vai passar despercebido um arbustos de porte invulgar para
a espécie, a Sabina da Praia que conjuntamente com o povoamento centenário de
Pinheiro Manso levou à classificação da Mata como Reserva Botânica. Observa
aqui dois estratos bem distintos – um mais elevado, o estrato arbóreo e outro
inferior, o estrato arbustivo. A
Sabina-da-Praia tem aqui um porte maior do que o habitual resultante da sua
secular “luta” com o Pinheiro Manso na procura de um “lugar ao Sol”. Caminha
agora para poente. Caminha agora para poente.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Pinheiros Mansos
(Pinus pinea)
Estação
B
Nesta
zona houve um violento incêndio em 1978 tendo sido, dois anos depois,
replantada com Pinheiro Manso. Aqui não consegues distinguir o estrato arbóreo
do arbustivo. É uma zona de vegetação caracteristicamente mediterrânia. É
constituída pela Aroeira (Pistacia lentiscus), pelo Carrasco (Quercus
coccifera), pelo Medronheiro (Arbutus unedo), entre outros.
Estação
C
Chegaste
agora a um aceiro (ou corta-fogo), como o nome indica é uma faixa sem vegetação
destinada a que o fogo não se propague em caso de incêndio na Mata.
Estação
D
A
elevação onde esta Estação se localiza é uma duna que faz parte de um sistema
dunar antigo formado à cerca de 2000 anos pelos ventos predominantes de Oeste. Estas
dunas cobrem a arriba (que as gentes antigas chamavam Rocha) numa extensão de
cerca de 12 quilómetros – desde os Capuchos até à Lagoa de Albufeira – e estão
estabilizadas pela vegetação da Mata dos Medos. A Mata dos Medos (não te
esqueças que se pronuncia “Médos”) deve o seu nome ao facto de estar implantada
sobre dunas de grande dimensão que se designam Medos (Médos). ). Se visitada
bem cedo podes ainda ver as marcas deixadas por aves e pequenos animais durante
a noite. Sim, porque a Mata dos Medos depois do pôr-do-Sol não é propriedade
dos seres humanos.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Duna Gigante ou
Medo (médo)
Estação
E
Miradouro
do Zimbral 1. Se olhares para Norte tens, a partir deste miradouro, uma vista
soberba da Costa da Caparica, das suas praias e de um extenso acacial onde
predomina a Acácia Mimosa (Acacia cyanophila) e lá mais longe a Serra de
Sintra, o Monte da Lua. Para sul, a Fonte da Telha, a Lagoa de Albufeira e Cabo
Espichel, o Promontório Barbárico dos romanos. E repara a forma de ferradura
que todo este conjunto apresenta à nossa vista. Esta Estação situa-se no topo
da Arriba Fóssil assim designada por actualmente não ser atingida pelas águas
do Oceano Atlântico. Tal acontece desde o Terramoto de 1755 quando o mar recuou
e não mais voltou. A Arriba Fóssil é constituída por rochas sedimentares
possuindo a camada mais antiga cerca de 15 milhões de anos.
Estações
F
Saímos
aqui do Caminho da Mata do Zimbral I. Voltas de novo a penetrar na Mata. Repara
junto à Arriba quão denso e impenetrável é o mato. Serve de protecção aos
ventos que sopram do Oceano Atlântico. Do lado esquerdo observa os arbustos de
pequeno porte e algumas árvores dispersas. Repara na presença do Carrasco
(Quercus coccifera), da Camarinha (Corema álbum), do Medronheiro (Arbutus
unedo) e do Zambujeiro (Olea europaea) E eis que chegas a um outro Miradouro.
Respira fundo e extasia-te com este Mar tão amplo que nos faz sentir a nossa
pequenez perante a Natureza que urge preservar. Os populares designam este local
por “Miradouro do Cavalo”.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Miradouro do
Cavalo
Estação
G
Chegas
a um segundo aceiro que cuidadosamente foi aberto e é mantido para preservar a
Mata. Nas bermas do aceiro observa as inúmeras tocas. Na tranquilidade da noite
aqui aparecem os coelhos bravos e as toupeiras. É frequente a existência do
Chorão (Carpobrutos edulis) uma infestante de muito difícil controlo pela sua
fácil adaptação às areias.
Estação
H
A
Mata Nacional dos Medos foi inicialmente povoada com um misto de Pinheiro Manso
(Pinus pinea), Pinheiro Bravo (Pinus pinaster) e Pinheiro de Alepo (Pinus
halepensis). A melhor adaptação do Pinheiro Manso fez deste a espécie
predominante. Podem ser observados ainda alguns exemplares de Pinheiro Bravo. O
Pinheiro de Alepo actualmente só se encontra junto ao Convento dos Capuchos.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Pinheiro Bravo
(Pinus pinaster)
Estação
I
Vais
entrar de novo na parte mais antiga da Mata onde temos dois estratos de
vegetação bem distintos: o estrato arbóreo e o estrato arbustivo. À direita uma
ampla clareira ideal para algum tempo de repouso e, igualmente, para a prática
de alguns exercícios respiratórios. Entre 1994 e 1995 foi aqui efectuadas
algumas acções de desbaste para permitir uma maior entrada de luz e a
regeneração natural dos pinheiros.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Zona antiga
Estação
J
O
relevo aqui é caracteristicamente dunar, onde montes e vales se alternam
repetitivamente. No silêncio ouves perfeitamente o canto de numerosas aves que
nidificam nesta zona. Nas árvores tenta distinguir um fungo vulgarmente
conhecido por Cardido-do-pinheiro (Trametes pini). E acabamos de “fechar o
círculo” do percurso depois de voltarmos a atravessar o aceiro com que anteriormente
nos havíamos cruzado.
RBMNM - Percurso Zimbral II – Cá vos espero de
volta
Percurso
Pedestre “Mata do Zimbral 2”- Distância a percorrer: 2.000 metros - Duração do
percurso: 90 a 120 minutos
©
Victor Reis, 20060113 / 20081220 / 20160607, [Oficina das Ideias] [Olho de
Lince] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [RB Mata Nacional dos
Medos] [Percursos Zimbral II] [20200715]
©
Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de
Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de
Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela
Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela
Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos
Conexos]
Aceitei o convite, visitei e gostei, tenho material para longa leitura, afinal como Velho Escoteiro - desde 28 de abril de 1963 - sou apreciador da Natureza. Parabéns
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