“Corre-me
nas veias o aroma dos pinheiros mansos; Corre-me nas veias o silêncio da Mata
tranquila; Corre-me nas veias a brisa e o marulhar do Mar; Corre-me nas veias o
caleidoscópio das cores das flores consoante a estação do ano; Corre-me nas
veias as pegadas dos animais e das aves que habitam a Mata; Corre-me nas veias
os voos e a "voz" dos corvídeos. A MATA DOS MEDOS É O MEU VÍCIO!”
A
Mata dos Medos, também conhecida por Pinhal do Rei, situada no topo da Arriba Fóssil
da Costa da Caparica (ver Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da
Caparica), terá sido mandada replantar pelo rei D. João V (1689-1750) devido à
forte desmatação resultante do abate de pinheiros para uso da madeira na
construção de embarcações no século XV, tendo a replantação o objetivo de
evitar o avanço das areias das dunas ou "medos" (lê-se
"médos") para os terrenos agrícolas interiores.
Vem
comigo caminhar na Mata do Zimbral I
Recebo-te
aqui na “sala de visitas” da Mata do Zimbral, zona integrante da Reserva
Botânica da Mata Nacional dos Medos. Parque de merendas e estacionamento à
beira da Estrada Florestal que liga a Costa da Caparica à Fonte da Telha.
A
Mata Nacional dos Medos foi classificada pelo Decreto-Lei nº444/71, de 23 de
Outubro, como Reserva Botânica, estando integrada na Paisagem Protegida da
Arriba Fóssil da Costa da Caparica, entidade responsável pela sua gestão.
Esta
Mata por onde hoje te vou levar a caminhar e a observar elementos florísticos e
paisagísticos tem a designação de Mata do Zimbral devido à proliferação nesta
zona da Sabina da Praia (Juniperos phoenicea), hoje em dia tão popular por ser
a base primeira para a destilação do Gin, o Zimbro.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Pinheiros Mansos e Sabina-das-Areia
Estação
A
Observa
nesta zona a espécie dominante, o Pinheiro Manso (Pinus pines) com as suas
copas magníficas (chapéus de chuva abertos) onde existem muitos exemplares
centenários. Não te vai passar despercebido um arbustos de porte invulgar para
a espécie, a Sabina da Praia que conjuntamente com o povoamento centenário de
Pinheiro Manso levou à classificação da Mata como Reserva Botânica. Observa
aqui dois estratos bem distintos – um mais elevado, o estrato arbóreo e outro
inferior, o estrato arbustivo. A Sabina-da-Praia tem aqui um porte maior do que
o habitual resultante da sua secular “luta” com o Pinheiro Manso na procura de
um “lugar ao Sol”. Caminha agora para poente.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Pinheiros Mansos (Pinus pines)
Estação
B
Nesta
zona houve um violento incêndio em 1978 tendo sido, dois anos depois,
replantada com Pinheiro Manso. Aqui não consegues distinguir o estrato arbóreo
do arbustivo. É uma zona de vegetação caracteristicamente mediterrânia. É
constituída pela Aroeira (Pistacia lentiscus), pelo Carrasco (Quercus
coccifera), pelo Medronheiro (Arbutus unedo), entre outros.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Flor do Medronheiro (Arbutus unedo)
Estação
C
Chegaste
agora a um aceiro (ou corta-fogo), como o nome indica é uma faixa sem vegetação
destinada a que o fogo não se propague com facilidade em caso de incêndio na
Mata.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Aceiro
Estação
D
A
elevação onde esta Estação se localiza é uma duna que faz parte de um sistema
dunar antigo formado há cerca de 2000 anos pelos ventos predominantes de Oeste.
Estas dunas cobrem a arriba (que as gentes antigas chamavam Rocha) numa
extensão de cerca de 12 quilómetros – desde os Capuchos até à Lagoa de
Albufeira – e estão estabilizadas pela vegetação da Mata dos Medos. A Mata dos
Medos (não te esqueças que se pronuncia “Médos”) deve o seu nome ao facto de
estar implantada sobre dunas de grande dimensão que se designam Medos (Médos).
Se visitada bem cedo podes ainda ver as marcas deixadas por aves e pequenos
animais durante a noite. Sim, porque a Mata dos Medos depois do pôr-do-Sol não
é propriedade dos seres humanos.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Duna Gigante ou Medo (médo)
Estação
E
Miradouro
do Zimbral 1. Se olhares para Norte tens, a partir deste miradouro, uma vista
soberba da Costa da Caparica, das suas praias e de um extenso acacial onde
predomina a Acácia Mimosa (Acacia cyanophila) e lá mais longe a Serra de
Sintra, o Monte da Lua. Para sul, a Fonte da Telha, a Lagoa de Albufeira e Cabo
Espichel, o Promontório Barbárico dos romanos. E repara a forma de ferradura
que todo este conjunto apresenta à nossa vista. Esta Estação situa-se no topo
da Arriba Fóssil assim designada por actualmente não ser atingida pelas águas
do Oceano Atlântico. Tal acontece desde o Terramoto de 1755 quando o mar recuou
e não mais voltou. A Arriba Fóssil é constituída por rochas sedimentares
possuindo a camada mais antiga cerca de 15 milhões de anos.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Miradouro
Estações
F e G
Esta
é uma zona fundamentalmente arbustiva atendendo à devastação provocada por um
fogo florestal que teve lugar em meados dos anos 80 do século passado. É
importante referir que a partir dos anos 90 do século passado os fogos
florestais na Mata Nacional do Medos têm sido fortuitos e nunca mais voltaram a
atingir dimensões importantes. Tal deve-se ao facto da acção de prevenção
implementada pela Câmara Municipal de Almada em estreita colaboração com os
Bombeiros Voluntários do Concelho. Aqui podes observar a Madressilva (Lunicera
implexa), o Sargaço (Cistus salvifolios), o Sanguinho das Sebes (Rhammus
alaternos), o Rosmaninho (Lavandula stoechas), a Salsaparrilha (Smilax aspera), entre outros.
RBMNM
- Percurso Zimbral I - Salsaparrilha (Smilax aspera)
Estações
H e I
Estás
a entrar de novo na parte mais antiga da Mata, na sombra das belas copas do Pinheiro
Manso e rodeado por grande variedade de arbustos. Nos meses mais húmidos do ano
aqui encontras diversas espécies de cogumelos bravos.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – zona mais antiga da Mata
Estação
J
Vais
fechar com esta vereda o caminho circular que te levou a conhecer parte da Mata
do Zimbral. O solo deste local é muito diferente daquele por onde antes
passaste. Podes verificar a existência de uma boa camada de matéria orgânica –
húmus depositado sobre a areia dunar muito importante para manter a humidade do
solo em tempo de veraneio.
RBMNM
- Percurso Zimbral I – Espero voltar a encontrar-te
Espero
voltar a encontrar-te. Marcamos já?
Percurso
Pedestre “Mata do Zimbral 1” - Distância a percorrer: 1500 metros - Duração do
percurso: 40 a 60 minutos
©
Victor Reis, 20060113 / 20081220 / 20160607, [Oficina das Ideias] [Histórias da
História da Charneca de Caparica] [RB Mata Nacional dos Medos] [Percursos CIMM]
[20200713]
©
Protecção dos Direito de Autor ao abrigo do Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de
Março, e alterado pelas Leis n.ºs 45/85, de 17 de Setembro, e 114/91, de 3 de
Setembro, e Decretos-Leis n.ºs 332/97 e 334/97, ambos de 27 de Novembro, pela
Lei n.º 50/2004, de 24 de Agosto, pela Lei n.º 24/2006 de 30 de Junho e pela
Lei n.º 16/2008, de 1 de Abril [Código do Direito de Autor e dos Direitos
Conexos]
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