sábado, 11 de julho de 2020

RESERVA BOTÂNICA DA MATA NACIONAL DOS MEDOS – TRILHOS E PERCURSOS – 1. PERCURSOS CIMM


Corre-me nas veias o aroma dos pinheiros mansos; Corre-me nas veias o silêncio da Mata tranquila; Corre-me nas veias a brisa e o marulhar do Mar; Corre-me nas veias o caleidoscópio das cores das flores consoante a estação do ano; Corre-me nas veias as pegadas dos animais e das aves que habitam a Mata; Corre-me nas veias os voos e a "voz" dos corvídeos. A MATA DOS MEDOS É O MEU VÍCIO!
A Mata dos Medos, também conhecida por Pinhal do Rei, situada no topo da Arriba Fóssil da Costa da Caparica (ver Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica), terá sido mandada replantar pelo rei D. João V (1689-1750) devido à forte desmatação resultante do abate de pinheiros para uso da madeira na construção de embarcações no século XV, tendo a replantação o objetivo de evitar o avanço das areias das dunas ou "medos" (lê-se "médos") para os terrenos agrícolas interiores.
Caminho do Museu das Árvores
Inicia-se no parque das merendas fronteiro ao Centro de Interpretação da Mata dos Medos (CIMM), do lado oposto da estrada nacional, no sentido norte, fazendo-se paragem no primeiro aceiro (corta-fogo) para observarmos a coabitação harmónica entre pinheiro-manso (“Pinus pinea”), a sabina-das-praias (“Juniperus turbinata”), a aroeira (“Pistacia lentiscus”) e o espinheiro-negro (“Rhamnus lycioides ssp”).
Percurso CIMM - Caminho do Museu das Árvores - Orientação
Este caminho tem a designação de “Caminho do Museu das Árvores” atendendo às formas caprichosas que o arvoredo tema em resultado dos ventos marítimos predominantes na zona. É tempo de observarmos a flora densa, as miríades de cogumelos no tempo húmido, o colorido dos medronhos (“Arbutus unedo”) em época de invernia, as texturas resultantes do crescimento diversificado no tempo dos pinheiros mansos.
Percurso CIMM – Caminho do Museu das Árvores – O efeito dos ventos predominantes
Chegados ao segundo aceiro e antes de caminharmos para poente na direção do início do “Caminho das Artes” podemos observar vastas zonas de Cladónia (“Cladonia stellaris”) uma espécie de líquen que somente existe em locais de reduzida ou nula poluição.
Percurso CIMM – Caminho do Museu das Árvores – Cladónias
Caminho das Artes
Este caminho inicia-se após arrevessarmos a estrada nacional no final do “Caminho do Museu das Árvores”, numa zona mais próxima do mar e onde predomina o pinheiro bravo como árvores de porte grande. A flora ganha novas características, mais aromática e diversificada com destaque, dependendo da época do ano, para a Perpétua-das-Areias (“Helichrysum italicum ssp”), o Morrião-Perene (“Anagallis monelli”), a Joina-das-Areias (“Ononis ramosíssima”), entre outras.
Percurso CIMM - Caminho das Artes - Orientação
O “Caminho das Artes” culmina no “Lugar dos Sentidos”, situado no topo da Arriba Fóssil, de onde se pode admirar o mar em toda a sua beleza e amplitude, enquadrado com o “Monte da Lua”, a norte, e com o “Promontório Barbárico”, a sul.
Percurso CIMM - Caminho das Artes – Tanto mar…
Seguindo-se para sul, pelo caminho selvagem, chegamos ao amplo parque de merendas da Fonte da Telha. Deste caminho selvagem podemos apreciar toda a grandiosidade da Arriba Fóssil.
Percurso CIMM - Caminho das Artes - Rosmaninho (“Lavandula luisieri”)
Somos rodeados por sensações novas, com aromas e cores esquisitos e únicos. O Rosmaninho (“Lavandula luisieri”), o Fel-da-Terra (“Centaurium erythraea”), a Roselha-Pequena (“Cistus crispus”) e o Sanganho-Mouro (“Cistus salviifolius”).

Caminho do Altinho do Mar
Atravessa-se o parque de merendas da Fonte da Telha, em direção a sul. O “Altinho do Mar” situa-se no final do aceiro, entre o caminho e a crista da Arriba Fóssil.
Percurso CIMM – Altinho do Mar - Orientação
A paisagem, o mar, os aromas, os sons, a Arriba Fóssil, o “Jardim de Aromáticas” numa combinação de Perpétua-das-Areias (“Helichrysum italicum var”), Rosmaninho (“Lavandula luisieri”), Camarinha (“Corema album”), Tomilho (“Thymus capitellatus”) e Assembleia-das-Areias (“Iberis ciliata ssp”), despertam os sentidos e a curiosidade de qualquer visitante e fazem deste, um lugar muito especial na Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos.
Percurso CIMM – Altinho do Mar – Arriba Fóssil
Azul, somente azul
Quando depois de atravessar a mata, colorida com diversificadas tonalidades de verde, dos pinheiros mansos e bravos, das aroeiras, dos medronheiros e das acácias, cheguei à ampla clareira cá bem no alto da falésia fui completamente inundado pelo azul que me deixou extasiado no sentir de tamanha exuberância.
Percurso CIMM – Altinho do Mar – Soberba vista sobre o Mar Atlântico
Na linha do horizonte, numa combinação só possível com a artística sensibilidade da Natureza, justapõem-se perfeitamente o azul do mar de laivos esverdeados com o azul em tons doirados do pôr-do-sol já próximo que nos leva para o dia que se segue na sequência do tempo que passa.
O artista foi pródigo na utilização da paleta das tonalidades de azul para pintar tão maravilhoso quadro. O céu recebe aqui uma pincelada de azul muito claro de uma limpidez total e, mais além, tonalidades de chumbo em resultado da nebulosidade que para o quadrante Sul se vai acumulando. Entre os dois uma miríade de cambiantes, inesgotáveis como a imaginação.
O mar não é menos beneficiado pelas cores da Natureza. Desde o azul profundo até ao esverdeado, nos diversos graus de transparência está lá todo o saber e toda a técnica desse pintor único que nos transporta ao sonho, ao infinito através de um olhar para o céu e de outro para o mar.
A tentação de descer, de tocar esse azul profundo é irresistível.
© Victor Reis, 20060113 / 20081220 / 20141227, [Oficina das Ideias] [Histórias da História da Charneca de Caparica] [RB Mata Nacional dos Medos] [Percursos CIMM] [20200711]
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